quarta-feira, 29 de maio de 2013

Punheta Patafísica



Que mundo surreal! A depravação está disseminada pelo globo terrestre. Há gente gozando através do órgão virtual.
A PP é crédito aficionado na mentempsicótica  no espaço global.
A PP está na bola da vez, rolando ao sabor do orgasmo punhetário.
A PP está freconiada na cibercultura.
A PP não salvará ninguém da morte, mas é morte certa das prostitutas e prostitutos.
A PP sapateia no cabeçote dos cagados pelo  internets’vírus.
A PP é total frenesi; gira a cabeça a 360º por hora.
A PP não cansa, mas deixa você poste de luz.
A PP faz o indivíduo bailar como o consagrado lago dos cisnes.
Quem é adepto da PP rebola o quadradin de oito. Não é fantástico?!
A PP é a soma dos quartetos; os céus e os infernos ao mesmo tempo.
Se Freud tivesse conhecido a PP, teria sucumbido o divã à poeira do seu próprio aposento.
Realizando essa faceta punhetária, as estrelas ficam ao alcance da mão. O céu não é o limite.
A PP dá magnitude ao seu veio artístico: a posts todos audiovisual disponível no smartphone.
Ela é salutar. E onde punheta um, outros podem punhetar!
A PP não tem excreção.
Ela não chama atenção de ninguém; é superdiscreta.
A PP não é revolucionária. Não terá motivo para greve, nem movimentos de repúdios.
Ela não deixará  na mão os punheteiros ciumentos. Ela é isenta de sentimentos controversos.
Também jamais sentirá pânico (não é ótimo?). Ah, a PP é boa nisso! Querem mais? 
Viva o Punhetaço, patafísicos!


terça-feira, 28 de maio de 2013

O Ato de escrever



Escrever é respirar
Escrever é viver
Escrever é deleitar-se
Escrever é bom quanto beijar.

Pra mim, não há mistério
É um ato compulsivo
As palavras são beijos apaixonados
Quanto mais se beija, mais se deseja beijar.

Escrevo por aí em qualquer lugar  
Até sentado na privada
Basta à mão caneta e folha de papel
Também, sentir-me à vontade.

Por isso, mando v a escrever
Agora, leitor é outros quinhentos...!
Mais difícil e complicado
Não quero sobre isso discutir.

domingo, 26 de maio de 2013

Ser contemporâneo



Ser globalizado
Capitalista
Vendido
Esnobe e hedonista
No facebook, suas performances
Planetário, global e consumista.

Sua comunicação é à velocidade da luz
Que felicidade fugaz!
A tempo e a hora no smartphone
Cultura de gozo contumaz
E-mails, fotos, vídeos tudo através do bluetooth
Caos íntimo; fator de antipaz.

Informação, a mil, na mídia
Conexão com o mundo; tudo é espetaculoso
Tirania
Beleza, luxo, marcas de grife etc.
Show!
Condicionados à moda, mas fora dos valores existenciais.   

Ser corrupto e sem ética
Sem compromisso algum pela vida
Reconhecidamente egoísta
Frente à uma sociedade ávida
Por se dar bem
É uma besta ferida.

Ser contaminado, corrompido
Experiente e vazio
De padrões incultos
Preso à irracionalidade do cio
Massificado em prazeres rápidos
Onde apenas vale o débil.

Ser distante do humanismo
Longe da alta-cultura
Que o humanize e o liberte
Homem desprezível e sem postura
Destruído; com âmago morto
Urra, criatura!


  







domingo, 19 de maio de 2013

RESENHA: ANTIVIDA NA ANTIPEÇA PIOLLINIANA




Peça: A Pá
Direção: Haroldo Rego
Produção: Piollin Grupo de Teatro
João Pessoa: 2013

     

  Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente.
                                                                                            (Érico Veríssimo)

O Teatro do Absurdo chega ao Brasil em meados da década de 1950, com Esperando Godot, encenado na Escola de Artw Dramática (EAD) e depois, com espetáculos de Luís de Lima para peças de Ionesco. Nas décadas de 1960 e 1970, continuam a ser montadas peças "do absurdo", e são dignos de nota a montagem do diretor argentino Victor García para Cemitério de Automóveis(1968), de Arrabal; a encenação de Esperando Godot (1969), com participação de Cacilda Beker e o espetáculo O Arquiteto e o Imperador da Assíria (também de Arrabal), realizado pelo Teatro Ipanema em 1971.


A peça A Pá dirigida por Haroldo Rego e produzida pelo Piollin Grupo de Teatro é Ionesquiana, por seu feitio aos modos do Teatro do Absurdo. Retrata a banalização da vida na sociedade contemporânea.  Onde o homem é bestializado nas suas ínfimas coisas do cotidiano, refletindo no espectador toda carga da pequenez a que chegou o ser humano.

Os personagens transitam entre o trágico e o cômico, vislumbrando  todo um paradigma do Teatro do absurdo; apresentados através de procedimentos peculiares, tais como: situações banais, frases feitas, gestuais mecânicos repetidos incessantemente, ações sem motivos aparentes etc.; giram em círculos, num amontoado de acontecimento sem nexo real. Além disso, o enredo foge aos padrões tradicionais, onde não existem correlações entre as partes do todo. Tudo está muito solto, sem elo entre as partes, marcando estranheza do espetáculo. Sem aquela de início, meio e fim determinados. Ainda, sem contar do insólito dos temas inseridos, como violência, religião, sexualidade, e morte.

Enfim, a morte (matada e banal) contida no texto e contexto faz-se presente na trama teatral - metaforizada pela personagem maior ‘a pá’-  único fio condutor do roteiro dramático. Portanto, a peça é mais que uma assimilação do Teatro do absurdo. Com uma dramaturgia apurada; conta, no elenco, aqueles que já são marcas consagradas, como: Soia, Nanego e Buda Lira; Everaldo Pontes dentre outros na sua montagem; quase todos figuras carimbadas no Teatro e cinema paraibanos, e até nacionais.



domingo, 12 de maio de 2013

Mãezinha


HOMENAJEM ÀS MÃES/MAIO DE 2013
Minha mãe querida
Minha heroína
Mulher de fibra e de peito
Nunca fugiu à luta doméstica
Sempre muito prendada na cozinha e no resto da casa
Cantarolava a todo instante
Fosse um fado ou um bolero
Quando inspirada nas atividades do lar
Soube pra todos os filhos
Passar a verdade, verdadeira de Deus
Mesmo com doze cria pra cuidar
Foi uma guerreira
Não foi nenhum pouquinho fácil
Mas ela conseguiu
Ditar os parâmetros pra sua prole
Oh, mãezinha!
Para sempre será minha companheira
A minha estrela-guia a brilhar
Mesmo com tantos reveses entre nós
Somos uma só pessoa
Carne da mesma carne
Sangue do mesmo sangue
Mesmos corações de palpitações
Pela vida afora
Jamais tirarão isso de nós
Minha mãezinha!
Sou sua filha amada
Hoje mais amadurecida pelas vicissitudes da vida
Compreendo as suas preocupações de outrora
Não foram poucas
Desde do meu calçar
Até a minha situação afetiva
Oh, minha querida mãezinha!
O meu maior bem é você
Pois se sou o que sou
Devo isso a senhora
Os meus passos foram ditados por suas crenças e canções
Minha mãe, a amo como a ninguém
Nunca esqueça da minha gratidão
Pois nada seria, se não fosse o seu amor
Minha mãezinha, minha devoção
Meu jardim em flor!

sábado, 4 de maio de 2013

A Morte, espetáculo à parte



Àquela manhã, tudo era calma. Somente aquela barata estrebuchava, de pernas pra cimas, no meio da sala. Aquela cena angustiante tocara-me fundo, disparando-me o botão temporal da existência. Mexera comigo, com meu devir. A morte iminente era o nosso elo afetivo. Eu e ela; ela e eu. Ambas exasperavam pra continuar vivas. Nossas vidas se esvaiam. Eu pelas horas de caminhadas, já que estava pra completar noventa e seis anos. Ela pelo asco de alguém que a viu em seu passeio noturno.

Ao vê-la daquele jeito, em sua hora de morte, nenhuma dó sentira. Nada, nada! Estávamos no mesmo vão da existência. Ninguém pra sentir sequer uma peninha de nós duas. Estávamos sozinhas! E a nossa solidão doía mais que nosso término do ciclo vital. A solidão do final da vitalidade é mais solidão do que as outras formas de solidão. Até mesmo da solidão de quem se sente só em meio à multidão.

A barata, por certo, era menos solitária que eu, pois já estava repleta de formiguinhas pelo seu corpo. Ainda não esfriara de toda; suas amigas já lhe faziam companhia. As centopeias, os escorpiões, as vespas, vermes de toda sorte esperavam-me, com certeza, pra me fazerem sala, assim apagassem-me a luz dos meus olhos . Espetáculo, à parte, certo em nossas vidas!

A barata ainda se debatera na lata de lixo; tentara reagir. Percebi um frágil esboço de sorriso em seus lábios, como a dizer-me que eu ficasse bem, que estava  bem também. 

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Resenha: O Amor nos basta



Livro: Sob o amor

Escritor: Antônio Mariano

Editora: Patuá

São Paulo:2013

 

Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo? (Fernando Pessoa)
 
O Amor, no mundo atual, é mera ilusão. Um mundo movido pelo dinheiro que não tem lugar para o amor - esse sentimento doce e singelo. Hoje se ama o material, isto é, tudo que o dinheiro pode comprar. Daí, a sede ser de consumo. As pessoas se materializaram de uma forma que pensam que ser feliz é se empanturrar de objetos. Vivem atormentadas pelo ter mais e mais. Não existe lugar para o amor! Quanto mais se tem, mais se quer! As pessoas são medidas e pesadas pelo que possuem. É a tal era do vale pelos dentes como burro! A pessoa humana vale pela bunfunfa na conta bancária. A vida é movida pelo dinheiro. Portanto, há exasperação pra consegui-lo; inclusive, a todo custo; custe o que custar. Não existem regras para sua obtenção. Muitos roubam, matam, passam por cima de tudo e de todos. Tipo rolo compressor; se for pra se dar bem. Vale tudo. O ser humano se emporcalhou! Come no mesmo cocho, literalmente. Imbecilizou-se no afã das suas vaidades fagueiras por causa das suas fraquezas.
Entretanto, o poeta Antônio Mariano, com a publicação do seu livro Sob o amor, vem contrariar toda essa lógica espúria, que só animaliza o ser humano. Essa avalanche de fatos que diminuíram tanto a pessoa humana é conjecturada de modo inconteste na sua obra. É uma prova cabal de que nem tudo está perdido. Que existe uma luz no final do túnel. Na obra, é mostrado que há uma fagulha de amor guardada, a sete chaves, dentro do ser. À página 26 pode-se ver claramente a sua tese “Pretende juntar-se/ à profissão de pássaros,/ responder processos/ pela criação dos anjos,/ meu amor por ti.// Meu amor por ti/ reabre a inquisição." A sensibilidade de tais versos remete à uma outra realidade bem distinta daquela que se vive. O link aberto se arrasta pra outra janela de pensamento, desviando o enfoque pra um sentimento antigo mais que dois mil ano atrás: o amor. Aquele mesmo que Cristo nos deu, de bandeja, na cruz. O poeta não pára por aí, à página 29 vai mais além “Quando se vai amar,/ as teorias fora do quarto.// Como as sandálias/ ficam  esquecidas/ à porta do banheiro/ senão molham-se ou sujam." Tais versos suscita, então, o despojamento no ato de amar, já que para amar é necessário pureza de coração; todas as teorias caem por terra.
Clarice Lispector, em seu livro Uma Aprendizagem Ou O Livro dos Prazeres, à página 39 diz: “A mais premente necessidade do ser humano é tornar-se ser humano”, o poeta Antônio Mariano resgata em Sob o amor esse ser humano cogitado pela escritora. O Amor é a semente profícua do ser humano.
Finalmente a obra, em foco, tem toda uma estética modernista com uma forma solta e ritmada à vontade do autor. E, cala fundo toda beleza humana, pois é pura lição de vida pra todo aquele que a lê. O autor impõe  a sua marca registrada de pessoa que está acima dos padrões estabelecidos na sociedade contemporânea. Contundência é o que não lhe falta; na sua argumentação é categórico, fechando com chave de ouro (‘Somente o amor salva o homem’), no seu canto XXXIX enfatiza, à página 67 “Ou o mundo não passa mesmo/ de uma grande boca/ que ao prometer um beijo,/ temos o dia, negando-o em seguida,/ ei-nos a noite?
 
Parabenizo o Poeta Antônio Mariano por tamanha singeleza e desprendimento ao expor o que está encerrado no seu âmago!