domingo, 23 de dezembro de 2012
O IDIOTA
CENA1
(AO CELULAR)
LIA: MEU AMOR, HOJE É FERIADO. VOCÊ FALOU QUE ÍAMOS COMER FORA. EU TOU TE ESPERANDO AQUI NA MAMI. VAI VIR OU NÃO?
CENA2
(AINDA AO CELULAR)
LIA: ALÔ, TÁ CHEGANDO É, BENZINHO?OK.
CENA3
(TÚLIO CHEGA SILENCIOSO. BEIJA LIA)
LIA: VAMOS COMER FORA OU NÃO?
CENA4
(AO VÊ-LA, SEM ÂNIMO)
TÚLIO: AMOR, TOU TÃO CANSADO.
LIA: NÃO! ESSE PAPO DE NOVO NÃO!
CENA5
(EM CASA)
TÚLIO:VAMOS TOMAR UMA DUCHA E IR PRA CAMA?
LIA:SABIA QUE IRIA DESISTIR DE SAIR!MAIS UMAVEZ VAMOS FICAR EM CASA. NÃO AGUENTO MAIS!FAZ UM MÊS QUE A GENTE SÓ TRABALHA. ISSO É VIDA, TÚLIO?!
CENA6
(TÚLIO DE PIJAMA)
MEU BEM, OS PROJETOS ESTÃO BOMBANDO, EU PRECISO DE MAIOR DEDICAÇÃO.
LIA: SIM, MAS HOJE É FERIADO!
TÚLIO: SEI, MAS TRABALHAMOS DEMAIS; QUERO FICAR EM CASA. NÃO TOU COM NENHUM TESÃO PRA SAIR.
LIA: TÁ LEGAL,AMOR! AMANHÃ É SEXTA SERÁ MELHOR!COMBINADO PRA MANHÃ?
TÚLIO: COMBINADO, BEM.
CENA7
LIA: AMOR, JÁ ESTOU PRONTA! VAMOS QUE VAMOS!
TÚLIO: PRA ONDE, BENZINHO?
LIA: BENZINHO, A GENTE NÃO COMBINOU DE SAIR?
TÚLIO: QUERIDA, POR QUE NÃO CONVIDA A SUA IRMÃ TÊ PRA ELA SAIR COM VOCÊ?
LIA: NÃO! QUERO SAIR COM MEU MARIDO; PODE SER?
TÚLIO: TÁ BOM! ESPERA SOMENTE UM POUQUINHO.
LIA: LEGAL, MAS NÃO DEMORA.
CENA8
(NA SALA DE ESPERA DO ESCRITÓRIO, LIA ADORMECE TANTO FORA A ESPERA)
TÚLIO: FILHA, ACORDA!
LIA: NEM VOU PERGUNTAR SE AINDA VAMOS SAIR. JÁ SEI QUE ESTÁ CANSADO. QUE VAMOS OUTRO DIA.
TÚLIO: ADIVINHONA!
CENA9
(AO CELULAR)
LIA: TÊ, VAMOS SAIR À NOITE?
TÊ:BOA! TOU LOUCA PRA DAR UMAS BANDAS MESMO!
LIA: ENTÃO, COMBINADO. ÀS 19:00HS. PASSO AÍ E TE PEGO.
CENA10
(COMO COMBINADO, PONTUALMENTE LIA PASSA E PEGA A IRMÃ TÊ)
TÊ: E O TÚLIO NÃO VEM CONOSCO?
LIA: SÓ SE FOR AQUELE MESMO! ELE QUE ME PEDIU PRA CONVIDÁ-LA. TOU ABUSADA DISSO, O HOMEM SÓ QUER VIVER TRABALHANDO. MAS, DEIXA PRA LÁ.
CENA11
(LIA SE DESPEDE DA IRMÃ TÊ)
LIA: OBRIGADA, TÊ, POR ME FAZER COMPANHIA.
TÊ: AMEI! TAVA PRECISANDO DISTRAIR-ME UM POUCO!BOA NOITE!
CENA12
(JÁ EM CASA)
TÚLIO: COMO FOI? VOCÊS FORAM PRA ONDE?
LIA: NÃO INTERESSA!
TÚLIO: QUERO SABER DE TUDO. VAI ME CONTAR OU NÃO?
LIA: AMANHÃ. BOA NOITE!
CENA13
(LOGO CEDO)
TÚLIO: BEM, E AÍ ONDE VOCÊS FORAM?
LIA: TOU COM PRESSA. DEPOIS EU CONTO TUDO.
CENA14
(À NOITE, JÁ EM CASA)
TÚLIO: LIA, QUERO SABER ONDE VOCÊS FORAM ONTEM. E COMO FOI. SE FOI BOM.VAI ME CONTAR?
LIA: AMANHÃ. ESTOU MUITO CANSADA AGORA.
CENA15
(NA CAMA)
TÚLIO: BENZINHO, DESCULPE-ME. SEI QUE PRECISO MUDAR. QUASE NÃO LHE DOU MAIS ATENÇÃO. É QUE ESTOU CHEIO DE TRABALHO.
LIA: AH, SE É ASSIM, FIQUE COM O SEU TRABALHO, POIS EU LHE AGRADEÇO. SE FOR PRA CONTINUAR DESSE JEITO, VOU EMBORA PRA CASA DA MAMÃE. LÁ TEREI BEM MAIS ATENÇÃO E CARINHO DO QUE AQUI.
TÚLIO: PEÇO-LHE MILHÕES DE DESCULPAS, LIA, E PROMETO-LHE QUE DAQUI PRA FRENTE SEREI MAIS LEGAL PRA VOCÊ.
LIA: VOU CONFIAR. PORÉM, SE NADA MUDAR, NÃO SERÁ POR FALTA DE AVISO.
sábado, 15 de dezembro de 2012
Afogados no crack até a alma
Não dá pra acreditar
no que se transformou a capital João Pessoa! A cidade está sangrando. Transformou-se
num palco de morte. Uma cidade que, há bem pouco tempo atrás, era considerada,
creiam, um paraíso por sua tranquilidade. Uma cidade onírica. Um lugar calmo, onde
somente se ouvia o barulho das ondas do mar e das palhas de coqueiros. Uma
cidade paradisíaca!
As coisas mudaram
muito por aqui! A droga veio pra ficar! O crack se alastrou de um jeito que não
tem mais jeito. Daí, o jovem, indivíduo mais vulnerável, se dissolve como
fumaça pelas ruas, becos e vielas desta tão linda cidade.
Falam-se tanto em
direitos humanos, mas a lei dos traficantes é matar. Eles ceifam vida sem dó
nem piedade. Não se importam com a vida humana quanto mais com direitos humanos!
É uma carnificina! Então, o bicho pega!
Pergunto: “- Por quê?”
Não existem políticas públicas eficazes pra minorar esse estatus quo. Educação,
cultura, esporte, isto é, uma assistência total, com escolas integrais,
profissionais etc., blindando essas pessoinhas frágeis do caos que se instalou
em suas vidas. O Estado lava as mãos, a família bate palmas e o jovem paraibano
que morra. Outra coisa, é preciso maior fiscalização na entrada das drogas na
cidade; pra isso, tem que haver cuidado
redobrado nas fronteiras com outros estados, aeroportos, terminal rodoviário
etc. A segurança tem que ser intensa.
A Sociedade também
tem sua parcela de contribuição. De modo genérico, tem que estar atenta a esse mal
que se prolifera por todos os lares. Chamar pra si a responsabilidade e ficar
de prontidão pra debelar todo e qualquer sinal de drogas, inclusive as legítimas,
como: álcool (cerveja, vinho, caipirinha e a destilada cachaça), cigarro, etc.
A família tem que ser conclamada pra sua função primordial de entidade
responsável por zelar pela paz e prosperidade de seus entes queridos. E para
tanto, tem que ser a primeira na vanguarda do zelo de seus filhos. É uma questão
de sobrevivência.
Não se pode deixar
pra lá o que se tem de mais valoroso na nossa vida: nossas crias! Porque o
animal mais peçonhento não o faz por que havemos de o fazer? Jamais! Do
contrário, nos bestializamos de vez, e se o fizermos, podemos nos considerar o
mais vil dos seres.
Assim, deixo as
minhas considerações e conto com a reflexão dos meus conterrâneos. Que comunguemos
dos mesmos sentimentos em relação àquilo que é de mais riqueza pra o ser
humano: a preservação da vida; especialmente no que diz respeito ao nosso
futuro e continuidade; nosso jovem está entregue a esse infeliz abismo de
morte.
Não negue os filhos
que pôs no mundo! Vamos à luta!
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Tanta Elocubração
Não quero mais lucubrar
Vinte quatro horas por dia
Minha cabeça nessa lenga-lenga diária
Que ó é a vida passar!
Pulsa meu coração no peito
Vibra todo meu ser
É um dilema viver
Digo isso com todo respeito.
Acordar, trabalhar…
Até mesmo não ter o que fazer
Ler, escrever…
Ai, que chato é a vida passar!
Procuro uma razão prá continuar
Algo mais que não encontro na rotina
Essa é minha sina
Vivo a Deus dará.
Os dia futuros? Uma incógnita!
Ninguém sabe aonde vão chegar
É sempre uma caixinha de surpresa
A vida é mesmo ignota!
Nada, nada… vai me pirar
Nem que eu me vire pelo avesso
Torne-me um ser travesso
Aguento o elo desatar.
Loucura! Abro meu coração
Grito ao mundo
Sou forte, vou fundo
A despeito dessa lida cão.
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
RESENHA: Olha, o papa-figo!
O Sacrifício dos Anjos
Romance de Tarcísio Pereira
Romance de Tarcísio Pereira
Imprell Editora/ 2008
260p.
“Uma vaca de costelas
exposta entrou no casarão da fazenda e comeu o divã da sala, um armário colonial
e um bebê com sete meses de vida que dormia num berço de jacarandá”. p.9
Por conseguinte, resta-lhe,
leitora, usufruir bem dessa leitura, se não quiser entrar em desespero com o
pecado da gula: comestível, e pior, do consumismo exasperado; e ainda tudo pago no cartão de crédito, o bicho papão atual.
O ano 2012 se esvai. As festas
de final de ano se prenunciam. O clima festivo já é visto por toda cidade. As
pessoas se exasperam nas compras. A gula à mesa, como de costume, já é esperada.
Muitas pessoas exageram tanto que chegam a engordar 10kg ou mais. Daí, haja
academia, dietas, caminhadas, às vezes, a faca é necessário pra se safarem de
toda banha adquirida na comilança de final de ano. Então, uma boa dica pra ficarem
de boca fechada é a leitura desse romance, porque é tão envolvente que quando
se lê, não se pensa em mais nada. É um texto que prende por suas intrigas escabrosas,
criminalidade, seita macabra, contravenção de leis, tortura e matança de
crianças. Tudo isso e mais, é entremeada pela história assombrosa do papa-figo.
No folclore brasileiro, o papa-figo é um homem com um grande saco nas costas que come fígado
de crianças pra cura da doença da lepra.
O Romance “O Sacrifício dos
Anjos”, de Tarcísio Pereira aborda essa temática de assombração; muito
explorada num tempo nem tão remoto assim. Quem não se lembra que o pai e a mãe pra
conseguir do filho obediência, pra não sair de casa por exemplo, o amendrontava,
falando-lhe do papa-figo? Pelos idos dos
anos 60, eu e a molecada da Rua Aragão e Melo no bairro da Torre sempre nos aterrorizávamos
com um homem esquisito, que tinha um braço pra dentro do paletó que mendigava
pelas portas; pra nós, garotas e garotos daquela redondeza, ele não
passava de um papa-figo. Era comum ouvir alguém gritar: _ Olha, o papa-figo! Às
vezes, os gritos eram acompanhados de apedrejamento. Lembro-me também que final
dos anos 70, tempo em que estudava no Anita Cabral, em Campina Grande, falava-se
muito de um papa-figo que atormentava as crianças campinenses.
Confere-se in loco:
“...poderiam curtir os frutos
do descanso e o sabor da festa, os
estragos da cama e o paladar do churrasco, as loucuras do sexo e comilança do
fígado...” p.28
“...mas o papa-figo que
viera das trevas para levar um menino de
oito anos de idade.” P. 85
“...No desespero da pressa,
só conseguiram duas crianças miúdas,
pois a terceira tinha seios nascentes e
isto indicava que já era mulher...” p. 137
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