O Sacrifício dos Anjos
Romance de Tarcísio Pereira
Romance de Tarcísio Pereira
Imprell Editora/ 2008
260p.
“Uma vaca de costelas
exposta entrou no casarão da fazenda e comeu o divã da sala, um armário colonial
e um bebê com sete meses de vida que dormia num berço de jacarandá”. p.9
Por conseguinte, resta-lhe,
leitora, usufruir bem dessa leitura, se não quiser entrar em desespero com o
pecado da gula: comestível, e pior, do consumismo exasperado; e ainda tudo pago no cartão de crédito, o bicho papão atual.
O ano 2012 se esvai. As festas
de final de ano se prenunciam. O clima festivo já é visto por toda cidade. As
pessoas se exasperam nas compras. A gula à mesa, como de costume, já é esperada.
Muitas pessoas exageram tanto que chegam a engordar 10kg ou mais. Daí, haja
academia, dietas, caminhadas, às vezes, a faca é necessário pra se safarem de
toda banha adquirida na comilança de final de ano. Então, uma boa dica pra ficarem
de boca fechada é a leitura desse romance, porque é tão envolvente que quando
se lê, não se pensa em mais nada. É um texto que prende por suas intrigas escabrosas,
criminalidade, seita macabra, contravenção de leis, tortura e matança de
crianças. Tudo isso e mais, é entremeada pela história assombrosa do papa-figo.
No folclore brasileiro, o papa-figo é um homem com um grande saco nas costas que come fígado
de crianças pra cura da doença da lepra.
O Romance “O Sacrifício dos
Anjos”, de Tarcísio Pereira aborda essa temática de assombração; muito
explorada num tempo nem tão remoto assim. Quem não se lembra que o pai e a mãe pra
conseguir do filho obediência, pra não sair de casa por exemplo, o amendrontava,
falando-lhe do papa-figo? Pelos idos dos
anos 60, eu e a molecada da Rua Aragão e Melo no bairro da Torre sempre nos aterrorizávamos
com um homem esquisito, que tinha um braço pra dentro do paletó que mendigava
pelas portas; pra nós, garotas e garotos daquela redondeza, ele não
passava de um papa-figo. Era comum ouvir alguém gritar: _ Olha, o papa-figo! Às
vezes, os gritos eram acompanhados de apedrejamento. Lembro-me também que final
dos anos 70, tempo em que estudava no Anita Cabral, em Campina Grande, falava-se
muito de um papa-figo que atormentava as crianças campinenses.
Confere-se in loco:
“...poderiam curtir os frutos
do descanso e o sabor da festa, os
estragos da cama e o paladar do churrasco, as loucuras do sexo e comilança do
fígado...” p.28
“...mas o papa-figo que
viera das trevas para levar um menino de
oito anos de idade.” P. 85
“...No desespero da pressa,
só conseguiram duas crianças miúdas,
pois a terceira tinha seios nascentes e
isto indicava que já era mulher...” p. 137
" Daí, aja academia, " Não gostei do tropeço gramatical.
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