domingo, 23 de dezembro de 2012

O IDIOTA


CENA1
(AO CELULAR)
LIA: MEU AMOR, HOJE É FERIADO. VOCÊ FALOU QUE ÍAMOS COMER FORA. EU TOU TE ESPERANDO AQUI NA MAMI. VAI VIR OU NÃO?
CENA2
(AINDA AO CELULAR)
LIA: ALÔ, TÁ CHEGANDO É, BENZINHO?OK.
CENA3
(TÚLIO CHEGA SILENCIOSO. BEIJA LIA)
LIA: VAMOS COMER FORA OU NÃO?
CENA4
(AO VÊ-LA, SEM ÂNIMO)
TÚLIO: AMOR, TOU TÃO CANSADO.
LIA: NÃO! ESSE PAPO DE NOVO NÃO!
CENA5
(EM CASA)
TÚLIO:VAMOS TOMAR UMA DUCHA E IR PRA CAMA?
LIA:SABIA QUE IRIA DESISTIR DE SAIR!MAIS UMAVEZ VAMOS FICAR EM CASA. NÃO AGUENTO MAIS!FAZ UM MÊS QUE A GENTE SÓ TRABALHA. ISSO É VIDA, TÚLIO?!
CENA6
(TÚLIO DE PIJAMA)
MEU BEM, OS PROJETOS ESTÃO BOMBANDO, EU PRECISO DE MAIOR DEDICAÇÃO.
LIA: SIM, MAS HOJE É FERIADO!
TÚLIO: SEI, MAS TRABALHAMOS DEMAIS; QUERO  FICAR EM CASA. NÃO TOU COM NENHUM TESÃO PRA SAIR.
LIA: TÁ LEGAL,AMOR! AMANHÃ É SEXTA SERÁ MELHOR!COMBINADO PRA MANHÃ?
TÚLIO: COMBINADO, BEM.
CENA7
LIA: AMOR, JÁ ESTOU PRONTA! VAMOS QUE VAMOS!
TÚLIO: PRA ONDE, BENZINHO?
LIA: BENZINHO, A GENTE NÃO COMBINOU DE SAIR?
TÚLIO: QUERIDA, POR QUE NÃO CONVIDA A SUA IRMÃ TÊ PRA ELA SAIR COM VOCÊ?
LIA: NÃO! QUERO SAIR COM MEU MARIDO; PODE SER?
TÚLIO: TÁ BOM! ESPERA SOMENTE UM POUQUINHO.
LIA: LEGAL, MAS NÃO DEMORA.
CENA8
(NA SALA DE ESPERA DO ESCRITÓRIO, LIA ADORMECE TANTO FORA A ESPERA)
TÚLIO: FILHA, ACORDA!
LIA: NEM VOU PERGUNTAR SE AINDA VAMOS SAIR. JÁ SEI QUE ESTÁ CANSADO. QUE VAMOS OUTRO DIA.
TÚLIO: ADIVINHONA!
CENA9
(AO CELULAR)
LIA: TÊ, VAMOS SAIR À NOITE?
TÊ:BOA! TOU LOUCA PRA DAR UMAS BANDAS MESMO!
LIA: ENTÃO, COMBINADO. ÀS 19:00HS. PASSO AÍ E TE PEGO.
CENA10
 (COMO COMBINADO, PONTUALMENTE LIA PASSA E PEGA A IRMÃ TÊ)
TÊ: E O TÚLIO NÃO VEM CONOSCO?
LIA: SÓ SE FOR AQUELE MESMO! ELE QUE ME PEDIU PRA CONVIDÁ-LA. TOU ABUSADA DISSO, O HOMEM SÓ QUER VIVER TRABALHANDO. MAS, DEIXA PRA LÁ.
CENA11
(LIA SE DESPEDE DA IRMÃ TÊ)
LIA: OBRIGADA, TÊ, POR ME FAZER COMPANHIA.
TÊ: AMEI! TAVA PRECISANDO DISTRAIR-ME UM POUCO!BOA NOITE!
CENA12
(JÁ EM CASA)
TÚLIO: COMO FOI? VOCÊS FORAM PRA ONDE?
LIA: NÃO INTERESSA!
TÚLIO: QUERO SABER DE TUDO. VAI ME CONTAR OU NÃO?
LIA: AMANHÃ. BOA NOITE!
CENA13
(LOGO CEDO)
TÚLIO: BEM, E AÍ ONDE VOCÊS FORAM?
LIA: TOU COM PRESSA. DEPOIS EU CONTO TUDO.
CENA14
(À NOITE, JÁ EM CASA)
TÚLIO: LIA, QUERO SABER ONDE VOCÊS FORAM ONTEM. E COMO FOI. SE FOI BOM.VAI ME CONTAR?
LIA: AMANHÃ. ESTOU MUITO CANSADA AGORA.
CENA15
(NA CAMA)
TÚLIO: BENZINHO, DESCULPE-ME. SEI QUE PRECISO MUDAR. QUASE NÃO LHE DOU MAIS ATENÇÃO. É QUE ESTOU CHEIO DE TRABALHO.
LIA: AH, SE É ASSIM, FIQUE COM O SEU TRABALHO, POIS EU LHE AGRADEÇO. SE FOR PRA CONTINUAR DESSE JEITO, VOU EMBORA PRA CASA DA MAMÃE. LÁ TEREI BEM MAIS ATENÇÃO E CARINHO DO QUE AQUI.
TÚLIO: PEÇO-LHE MILHÕES DE DESCULPAS, LIA, E PROMETO-LHE QUE DAQUI PRA FRENTE SEREI MAIS LEGAL PRA VOCÊ.
LIA: VOU CONFIAR. PORÉM, SE NADA MUDAR, NÃO SERÁ POR FALTA DE AVISO.


 

 

sábado, 15 de dezembro de 2012

Afogados no crack até a alma


Não dá pra acreditar no que se transformou a capital João Pessoa! A cidade está sangrando. Transformou-se num palco de morte. Uma cidade que, há bem pouco tempo atrás, era considerada, creiam, um paraíso por sua tranquilidade. Uma cidade onírica. Um lugar calmo, onde somente se ouvia o barulho das ondas do mar e das palhas de coqueiros. Uma cidade paradisíaca!
As coisas mudaram muito por aqui! A droga veio pra ficar! O crack se alastrou de um jeito que não tem mais jeito. Daí, o jovem, indivíduo mais vulnerável, se dissolve como fumaça pelas ruas, becos e vielas desta tão linda cidade.
Falam-se tanto em direitos humanos, mas a lei dos traficantes é matar. Eles ceifam vida sem dó nem piedade. Não se importam com a vida humana quanto mais com direitos humanos! É uma carnificina! Então, o bicho pega!
Pergunto: “- Por quê?” Não existem políticas públicas eficazes pra minorar esse estatus quo. Educação, cultura, esporte, isto é, uma assistência total, com escolas integrais, profissionais etc., blindando essas pessoinhas frágeis do caos que se instalou em suas vidas. O Estado lava as mãos, a família bate palmas e o jovem paraibano que morra. Outra coisa, é preciso maior fiscalização na entrada das drogas na cidade; pra isso, tem que haver  cuidado redobrado nas fronteiras com outros estados, aeroportos, terminal rodoviário etc. A segurança tem que ser intensa.
A Sociedade também tem sua parcela de contribuição. De modo genérico, tem que estar atenta a esse mal que se prolifera por todos os lares. Chamar pra si a responsabilidade e ficar de prontidão pra debelar todo e qualquer sinal de drogas, inclusive as legítimas, como: álcool (cerveja, vinho, caipirinha e a destilada cachaça), cigarro, etc. A família tem que ser conclamada pra sua função primordial de entidade responsável por zelar pela paz e prosperidade de seus entes queridos. E para tanto, tem que ser a primeira na vanguarda do zelo de seus filhos. É uma questão de sobrevivência.
Não se pode deixar pra lá o que se tem de mais valoroso na nossa vida: nossas crias! Porque o animal mais peçonhento não o faz por que havemos de o fazer? Jamais! Do contrário, nos bestializamos de vez, e se o fizermos, podemos nos considerar o mais vil dos seres.
Assim, deixo as minhas considerações e conto com a reflexão dos meus conterrâneos. Que comunguemos dos mesmos sentimentos em relação àquilo que é de mais riqueza pra o ser humano: a preservação da vida; especialmente no que diz respeito ao nosso futuro e continuidade; nosso jovem está entregue a esse infeliz abismo de morte.
Não negue os filhos que pôs no mundo! Vamos à luta!


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Tanta Elocubração




Não quero mais lucubrar
Vinte quatro horas por dia
Minha cabeça nessa lenga-lenga diária
Que ó é a vida passar!

Pulsa meu coração no peito
Vibra todo meu ser
É um dilema viver
Digo isso com todo respeito.

Acordar, trabalhar…
Até mesmo não ter o que fazer
Ler, escrever…
Ai, que chato é a vida passar!

Procuro uma razão prá continuar
Algo mais que não encontro na rotina
Essa é minha sina
Vivo a Deus dará.

Os dia futuros? Uma incógnita!
Ninguém sabe aonde vão chegar
É sempre uma caixinha de surpresa
A vida é mesmo ignota!

Nada, nada… vai me pirar
Nem que eu me vire pelo avesso
Torne-me um ser travesso
Aguento o elo desatar.

Loucura! Abro meu coração
Grito ao mundo
Sou forte, vou fundo
A despeito dessa lida cão.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

RESENHA: Olha, o papa-figo!



O Sacrifício dos Anjos
Romance de Tarcísio Pereira
Imprell Editora/ 2008
260p.


“Uma vaca de costelas exposta entrou no casarão da fazenda e comeu o divã da sala, um armário colonial e um bebê com sete meses de vida que dormia num berço de jacarandá”. p.9

O ano 2012 se esvai. As festas de final de ano se prenunciam. O clima festivo já é visto por toda cidade. As pessoas se exasperam nas compras. A gula à mesa, como de costume, já é esperada. Muitas pessoas exageram tanto que chegam a engordar 10kg ou mais. Daí, haja academia, dietas, caminhadas, às vezes, a faca é necessário pra se safarem de toda banha adquirida na comilança de final de ano. Então, uma boa dica pra ficarem de boca fechada é a leitura desse romance, porque é tão envolvente que quando se lê, não se pensa em mais nada. É um texto que prende por suas intrigas escabrosas, criminalidade, seita macabra, contravenção de leis, tortura e matança de crianças. Tudo isso e mais, é entremeada pela história assombrosa do papa-figo. No folclore brasileiro, o papa-figo é um homem com um grande saco nas costas que come fígado de crianças pra cura da doença da lepra.     
O Romance “O Sacrifício dos Anjos”, de Tarcísio Pereira aborda essa temática de assombração; muito explorada num tempo nem tão remoto assim. Quem não se lembra que o pai e a mãe pra conseguir do filho obediência, pra não sair de casa por exemplo, o amendrontava, falando-lhe  do papa-figo? Pelos idos dos anos 60, eu e a molecada da Rua Aragão e Melo no bairro da Torre sempre nos aterrorizávamos com um homem esquisito, que tinha um braço pra dentro do paletó que mendigava pelas portas; pra nós, garotas e garotos daquela redondeza, ele não passava de um papa-figo. Era comum ouvir alguém gritar: _ Olha, o papa-figo! Às vezes, os gritos eram acompanhados de apedrejamento. Lembro-me também que final dos anos 70, tempo em que estudava no Anita Cabral, em Campina Grande, falava-se muito de um papa-figo que atormentava as crianças campinenses. 

Confere-se in loco:
“...poderiam curtir os frutos do descanso e o sabor  da festa, os estragos da cama e o paladar do churrasco, as loucuras do sexo e comilança do fígado...” p.28

“...mas o papa-figo que viera das trevas  para levar um menino de oito anos de idade.” P. 85

“...No desespero da pressa, só conseguiram duas crianças  miúdas, pois a terceira  tinha seios nascentes e isto indicava que já era mulher...” p. 137

Por conseguinte, resta-lhe, leitora, usufruir bem dessa leitura, se não quiser entrar em desespero com o pecado da gula: comestível, e pior, do consumismo exasperado; e ainda  tudo pago no cartão de crédito, o bicho papão atual.  

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O Homem retorna ao mundo do macaco



Será que existem dois brasis, hein? O do sul(sudeste) e outro do norte(nordeste)? O Brasil do sul (sudeste), o privilegiado desde de nossa colonização, pelo idos de 1500; e o Brasil do norte (Ne), relegado ao descaso e ao abandono também desde dessa época.
Pra mim, ficou bem claro, agora, com a polêmica contra o projeto aprovado pela Câmera Federal que redistribuem os royalties do petróleo entre os estados federativos a partir de 2013. Não tem como pensarmos que somos uma federação e que, por isso mesmo, somos um só povo, uma só nação. Engodo! Está mais do que provado que o nordeste e o norte fazem parte de outra realidade da nação brasileira. Fora relegada à própria sorte, preterida pelo sul(sudeste) do país. Fosso que, em minha opinião, se acirrará muito mais pelos despautérios de uma gente gananciosa que  se passa a um extremo desses, com essa atitude disseram-nos tudo.
É preciso dizer, fomos preteridos desde nossa colonização, tempo em que a coroa real se instalou no estado do Rio de Janeiro. Tudo de bom se concentrou no sul. As bondades em relação a dinheiro foram restritas ao ‘sul maravilha’; como ficou conhecido. Quem não sabe disso? Ver-se em toda nossa história o quanto o sul fora beneficiado. E Nós, nordestinos e nortistas, nunca fizemos bafafá nenhum.
Com um governo, hoje, centrado na desigualdade social, com um olhar mais carinhoso pra essa outra parte brasileira, mais carente de comiseração, essa mamata tende acabar. Isso mesmo, leitores! Imaginem uma capital como João Pessoa, com 426 anos, quase meio século, não possui um polo industrial. Por quê? Porque todas as fábricas que vem se instalar no Brasil, ficam no Rio e São Paulo. E outras aberrações, leitores! Nada é por acaso! E nada é impossível ao homem! A água tanto bate até que fura.
A história acabou quando furamos a barreira política da ‘elite’, que somente os favorecia. Foi preciso desarticular os parâmetros monolíticos que amarraram o desenvolvimento dessa outra parte de cá da nação; pra isso fora preciso um nordestino arretado pra furar esse círculo vicioso de monopólio nas mãos de apenas uma parte ‘dona’ do país. O ‘Cara’ é ele mesmo! Esse nordestino raçudo Inácio Lula da Silva! Ele conseguiu furar o bloqueio de quase 500 anos de descaso com nossa gente. Ele abriu as comportas do dinheiro pra o outro lado do Brasil, despertando o ódio da galera que possuira a seu bel-prazer as tetas da bufunfa. 
Leitores, hoje, todas essas coisas fizeram-me pensar como o ser humano é egoísta;mais, como 200 mil pessoas (estatística da polícia carioca; fonte internet); inclusive, governadores, deputados e até uma atriz como a Fernanda Montenegro se passa a sair às ruas, gritando a presidenta Dilma Rousselff pra não sancionar um projeto que é de todos nós?! Em minha sã consciência, é de se imaginar que a rixa a partir desse fato, com certeza, se acirrará ainda mais. Não tenham dúvida, leitores!
Dizem que o homem usa apenas 20% de sua racionalidade por dia, no que concordo plenamente. E concluo dizendo-lhes, leitores, que nessa hora desse levante mal orquestrado, esses indignados  usaram zero de suas racionalidades. O que é lastimável.


segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Tem culpa eu?



Tem culpa eu?

A Juventude brasileira que o diga
Com uns políticos cocôs no planalto
O crack rolando solto
Não há família que consiga!

Os garotos do meu país estão sem saída
Se inspirar em quem?
Somente se for nos ladrões de Brasília
Pois, estão à solta na lida do bem baum!

O que fazer com a vida, jovem?
Se a Educação é zero?
A Saúde está aquém?
E se o Futuro é desespero?

Se não lhe damos Esperança
Se não lhe damos Amor
Se somente lhe  damos Cachaça
Se não lhe damos Labor.

Quanta vida desperdiçada!
Os traficantes apagam-no num fechar de olhos
Na rua, dentro de casa, no meio da moçada
Basta não pagar a droga que deve; ai de seus brócolos!

Não tem culpa eu!
E menos ainda esse ser
Que está ao leu
Sem ninguém pra aprender-fazer!

Não é tolice não!
Os jovens estão sendo extintos
Com balaço no cabeção
Mortos feitos bandidos.

É triste o quadro que aí está
Morre mais jovem no Brasil que na guerra do Iraque
A violência é galopar
Ficamos tristes com esse disparate.

Porém, tem culpa eu?!
Pergunta que não cala
Não! Aí fodeu!
O trem é baum que nem bala!

Culpa paeu e patu!
Não vou continuar esse trololó
Só se for em duo
É muito mió!

Culpa eu?
Culpa tu?
Culpa eu? Culpa pra quem,seu abestado!

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Manifesto: Pra não dizerem que não Falei de Flores


Manifesto às Mulheres do Mundo, pois não é possível dois pesos e duas medidas em relação aos gêneros feminino e masculino.
As mulheres são as mais culpadas de serem tratadas dessa forma. Discriminadas, usadas e espoliadas. A sociedade machista atual é o retrato fiel dessa truculenta história. Mas, somente sabe quem está na nossa pele. E como somos retratadas na boca de garotos, jovens,e homens e das próprias mulheres? Que sina é essa? Estamos no século XXI e tudo continua como na época da minha tataravó. Quer mais? Desculpe-me, leitora, precisamos virar a mesa literalmente. Repensar nossa cultura; rever como reverter esse quadro de maus-tratos. Mesmo porque, precisamos nos unir mais, mesmo que, pra isso, seja preciso uma lavagem cerebral. Urge uma atitude da nossa parte!
Será que as mulheres irão continuar como suporte pro homem alcançar os louros a vida inteira? Sim, porque é só olhar ao seu redor. A mulher trabalha, e os homens ficam por aí, curtindo a vida. As mulheres estão anestesiadas, por isso não vêem que já é tempo da virada, ou melhor, já passou do tempo, de sua conscientização. Ou será que preferem continuar escutando a célebre frase: Por trás de um grande homem, existe uma grande mulher!? Que ‘grande mulher’ é essa que só sabe está à sombra de um ‘grande homem’? Quero mais, leitora! Não aceite esse tipo de valorização. Você não tem que servir de ponte pra seu ninguém! Sirva-se do seu espaço como sendo único e pleno. Pois foi conquistado à duras penas. E você sabe muito bem disso. Diga não a esse tipo de manipulação e a todas as outras!
Cresci ouvindo minha querida mãezinha dizer que não trocava as saias das filhas pelas calças dos filhos. Só hoje compreendo o que ela queria dizer com isso. Lógico, os homens são dormentes. Talvez possa dizer que, até que um tanto alienados. Sim. Como podem ver algo pra fazer e não se tocarem? Uma louça pra lavar, uma casa pra varrer, fazer uma comida quando a fome aperta, passar uma muda de roupa quando ele precisa, etc. Os tempos mudaram e os preconceitos machistas continuam do mesmo modo que no passado. Leitora, é claro que não são todos os homens assim, têm aqueles que se tocam. Meu pai, por exemplo, um paraibano arretado, faz de um tudo, é só dona Lulu precisar. Prepara um peixe, uma galinha que a gente baba. Existem as exceções, mas é minoria. E prova disso, são os barzinhos, campos de futebol e bancos de praças abarrotados deles, de segunda a segunda; e as cozinhas repletas delas. Quando o escravismo feminino vai acabar? Creio que nunca, pois o homem irá se perpetuar no poder. Creio que é preciso, no mínimo, refletir essa parada aí, o mais urgente possível.
É muito confortável para os homens. Por eles, continuarão desse modo pra sempre. Eles seriam tolos se quisessem largar o posto de rei da cocada preta. Quem é besta pra querer trocar de um posto tão cômodo? Ninguém! Logo que nascem, já se grita: “É m-a-c-h-o!” Enquanto quando é menina, mal se fala: “é mulher” (fala baixo). O homem tem sempre uma mulher pra o paparicar: avó, mãe, irmãs, namoradas, noivas, esposas, amantes, enfermeiras, babás, etc. Pra que iriam deixar de usufruir dessas mordomias? Só sendo loucos!…
“As mulheres dizem que os homens são uns diabos. Mas estão louquinhas que os diabos as carreguem”. Ouvi essa frase desde pequenina. Imaginem o imaginário feminino sendo atropelado vinte quatro horas por dia. É como é feito pela mídia brasileira: é a televisão, o rádio, os jornais locais, as revista de modo geral. A mulher está sempre para um tema apelativo, mas precisamente sexual. Já o homem não, é diferente, os temas são outros: empresariais, negociações intelectuais: econômicas, políticas, etc. Têm algumas mulheres nessas áreas, mas são pouquíssimas. São deverasmente discriminatórios nossos meios de comunicação. É acirrada a rixa competitiva. A apelação é demais!É como bater uma siririca! Como criar um novo marketing publicitário que possa levantar a auto-estima da mulher brasileira? É preciso se buscar novos paradigmas para a mulher! O tempo mudou, mudemos também!
As mães precisam desligar as TVs na hora das novelas. Porque esses programas são alienadores. É o fundo musical, o mocinho, o clima romântico entre os protagonistas e tudo mais. Não há garota que não fique fissurada nessas cenas. É um processo masturbatório! É uma praga na cabeça das meninas. Elas passam a sonhar em cima das referidas imagens. Iludem-se com uma realidade distorcida. Outra coisa importante é: precisamos exigir um nível melhor das nossas telenovelas! Que apresentem um espetáculo mais cultural, valorizando um pouco mais o potencial do jovem brasileiro. Pois a mulher e também, o homem, têm a TV que merecem! Mas, não vamos abusar!
“Quando casar, passa”. Por que isso? Incrível! Óbvio, né?! Quando tiver um macho do lado, tudo passa. Dor de dente. Cólica menstrual. Mau humor. Tudo! Isso mesmo! Toda mulher precisa possuir um homem pra lhe dá respaldo. Para ter mais respeito e consideração da sociedade. É lógico! Só assim a mulher é Mulher com ‘M’ maiúsculo. Do contrário, ela é um Zero à esquerda, à direita e a toda direção. Quer ser um nada no mundo? Opte por ser só. É mulher sozinha? “Só pode ser é puta. Vive no desfrute com um e com outro”. Além disso, é discriminada pelas próprias mulheres. Quer ver!… Seja a festa que for, chegou uma mulher desacompanhada, não dá outra. Quer tirar prova? É só olhar a cara das mulheres acompanhadas. “Ah! Bem… vamos, né?!“ ou “Benzinho, você não quer ir?” É um Deus nos acuda! O ambiente vira um caos. Melhor mesmo é acabar o barato, para não terminar caro.
A mulher descasou, tem que virar santa. ‘Santa do pau oco’ só pode! Morre pra vida fora de casa, porque, senão, é filho que se intromete, é família (mãe, pai, irmãos…) até os amigos. Todos querem dar um pitaco. Querem não, todos dão pitaco. É coisa de doido! Você já não pode vestir uma roupa melhor, que logo escuta: “Ih! Quem é o felizardo?”; “Eu conheço?”; “Me conta, vai…”. A aporrinhação é geral! Pior mesmo, é que a curtição é ficar só, porém ninguém acredita. Sempre aparece um engraçadinho com uma pergunta cretina: “E aí, como está o coração?” ou “Já arranjou um namorado?”. “Também, do jeito que tá se embonecando…!” É muito chato! É um porre! Mesmo assim, ainda continuo achando que antes só do que mal acompanhada. Coisa bem mais preciosa é minha liberdade. Não a troco por nada nesse mundo. Quem não gostar, azar! A discriminação é filha da mãe! No trabalho, então, Você não tem o menor crédito. Inclusive, você pode ser a ‘mulher-maravilha’, isto é, honesta, trabalhadeira, responsável. Nem seu patrão e, menos ainda, seus colegas lhe dão o menor valor. Parece que fomos acometida por uma doença contagiosa. Ninguém merece! Só sabe o que é isso quem sente na pele.
O preconceito em relação à mulher se verifica primeiramente no seio familiar. Quando a mulher é estigmatizada, seja por sua fragilidade ou por seu nível intelectual. O tratamento com o filho-homem é bem distinto. Ele sempre pode tudo. É ‘super-homem’. Pode chegar tarde das noitadas; experimentar sexo tranqüilo; dirigir o carro do pai; não existe problema nenhum. Já a filha-mulher, não. As regras são outras. Tudo é medido e pesado. Daí você, leitora, pode dizer que isso é obsoleto. Vá educar uma filha porque falar em relação à filha alheia é legal; quero ver da sua própria. Usamos, de verdade, dois pesos e duas medidas. Sei que o século é outro. Que já se pode plastificar o órgão sexual pra não contrair doenças nem pegar gravidez indesejada, mas na real, pesa criar filha moça. E como!
Ser mulher é viver sem vez e sem voz. A voz da mulher é sempre para dizer “Sim, meu bem!” e a vez é para baixar a cabeça pro homem: pai, irmão, namorado, noivo, marido, filho e netos ou para um filho da puta qualquer. E mais, se não se fizer de objeto de manobra do homem, é morta. É só dar uma olhadela ao redor: O que mais acontece, em pleno século XXI, é ex-esposo matar a ex-companheira; ex-noivo, matar a ex-noiva etc., ou seja, quando a mulher não reza em suas cartilhas, é sumariamente assassinada. Mas, o mais chocante é que ficam livrinhos da Silva. Impunes prá fazer outras vítimas. As leis brasileiras são machistas e perpetuam esse estatus quo. Quantos e quantos casos, que o assassino não parou preso nem vinte quatro horas? Não se sabe nem das contas! É uma impunidade tamanha que envergonha qualquer cidadão. Porém, tudo isso precisa mudar. O mundo evoluiu. A mulher deve ser encarada com direitos iguais perante a sociedade. Precisamosfazer jus ao nome de pessoas civilizadas. Especialmente porque há muito se foi à época do homem da caverna, em que a mulher era levada pra cama pelo homem, sendo puxada pelos cabelos. Exigimos nossos direitos como pessoas de responsa que somos!
Barbeiragem no trânsito. “Ah! Com certeza, é mulher!”. Se acontece qualquer acidente no trânsito, “É mulher no volante”; e complementam: “Sabia, tinha de ser mulher!”. Por que existe esse tipo de machismo? A mulher tem que coibir esse tipo de atitude. Ela não deve aceitar de jeito nenhum nem mesmo de brincadeira essas colocações. Repudiar é a pedida. Processar aqueles que, por acaso, dêem uma de gaiato e queiram tripudiá-la, desqualificando-a por algum motivo. Reagir por nossos direitos, já é mostrar-lhes que não estamos pra chacota não. Precisamos estar atentas a todas as incivilizadades. E se o homem quiser respeito, tem que aprender, na íntegra, a nos respeitar. Respeito é bom e nós gostamos. Quiçá um dia esse quadro discriminador, mude! Porque, do contrário, deveremos começar a fazer uso de nossos direitos, especialmente tirarmos proveito dele, processando àqueles que se metam à besta e virem, por acaso, dar uma de doido pra cima de mois. Não dá pra se protelar a virada de mesa!
O amor é lindo, mas não precisamos ser alienadas. Burras seremos se continuarmos anestesiadas como estamos até hoje. As mulheres precisam tirar as vendas das vistas e enxergarem ao seu redor. Além disso, darem-se contas do quanto são tratadas como joguetes pelos homens. Se bem que a culpa não é só deles. Elas têm suas parcelas de culpa nisso. Verdade. Elas não se dão respeito. São doidas. Não vêem um palmo além do próprio nariz. E mais, não conseguem ver uma perna de calça que logo ficam lesas. Os homens têm de serem tratados na mesma moeda que as tratam: como objeto descartável. Outra, que a camisinha está aí mesmo. Se não quiserem encarar as mudanças sexuais, pior pra eles. Os tempos mudaram. Eles precisam saber que já não estão com essa bola toda. Precisam entrar num acordo, ou melhor, num consenso. Em outras palavras, já não tem aquela de mulher ser submissa a eles, de fazer só o que eles querem. O reinado deles acabou. Reconhecer o mérito feminino é mais do que um ato de amadurecimento. Brindemos as mudanças! Quantos séculos de patriarcado?!… Menos mal! Antes tarde do que nunca!
Mulheres, já é tempo de sairmos dessa letargia! O nosso discernimento faz-se mister. Abrir nossos olhos para essa aberração, é deveras importante. Não podemos continuar a sermos tratadas feito massa de manobra do homem. Vamos dizer um basta a toda essa história discriminatória que se arrasta por séculos e séculos. O tempo urge! Olhemos para nossos próprios narizes e enxerguemos aí bem embaixo deles, esses despautérios. Unamo-nos todas numa só corrente de pensamento e fé. Não podemos deixar prá depois o que se pode fazer hoje: Não ao estatus quo! Não a todo tipo de discriminação! Especialmente a dos dominadores, aos patrões, pois somos tanto ou mais capazes que os homens. E ESTÁ DITO!

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Ópera do favelado




Cidade paralela, abandonada, marginalizada, onde convive todo tipo de pessoas; há casos surreais: Do que consome crack, o traficante, o ladrão, o assaltante, o homicida, até o estuprador. Claro, nas favelas, também tem pessoas de bem. Porém, pessoas largadas à própria sorte. Pessoas sem sonhos. Jovens, na sua grande maioria, despreparados pra vida. Desqualificados. Sem amor, sem família, sem escola, sem futuro. Fadados a morrer sem completarem suas maioridades. Vítimas do descaso dos donos do poder. Paupérrimos. Moradores de beiradas de matas, rios, mangues, brs.; assim como as favelas Renascer I, II, III e sei lá mais quantas! Lugares restritos às pessoas ditas abaixo da linha de pobreza. Possuidores de barracos feitos de plástico, papelão, lata; tudo muito precário; tirado às vezes dos resíduos domésticos do vizinho, gente da bufunfa, que reside ali bem do lado, talvez um grande empresário. Impossível sobrevivência se não se tem a mínima condição de vida! Quando não se tem casa, comida, escola, saúde, ou seja, uma infraestrutura digna de cidadão.
Essa cidade está aí bem embaixo dos nossos narizes. Somente a percebemos quando somos acuados por esses ‘fantasmas’. Que nem sempre conseguem emergir das cinzas, e levarem uma ‘vida normal’ como desejam; desvirtuando-se pra o mundo da criminalidade, da bandidagem, da contravenção. Os presídios estão abarrotados desses pobres homens e custam pra cada um de nós, brasileiros, mais do que se tivessem numa escola, se preparando pra um trabalho decente, uma profissão que os tirassem dessa roubada. É degradante saber que há 50 milhões de pessoas nesse padrão existencial e não se poder fazer absolutamente nada por eles. Sabemos que desses, muitos são nossos serviçais como domésticas (os), cozinheiras (os), pedreiros, etc.
Mundo cruel e desumano! Creio que se fôssemos mesmos civilizados como dizemos, a retórica sobre a desigualdade social seria outra: “Faça o que digo, mas não faça o que faço!”
Hoje a matança foi decretada pra essa população já tão sofrida. A gente só vê a choradeira e o ranger de dente. As mães são as maiores vítimas do genocídio que se alastra por todo país, de garotos entre 14 e 21 anos. Matam mais jovens no Brasil, do que matou-se na guerra do Iraque. Não é brincadeira não! E pensar que nossa polícia (20%) tem feito esse (de)serviço. Essa semana prenderam 36 policiais no nosso estado. Inclusive, estou pasma, prenderam um delegado aqui no prédio vizinho ao nosso; o filho do homem é amigo do meu filho. Pense numa loucura! Não, é melhor esquecer porque senão se pira. Mundo cão! “Parem o mundo, que eu quero descer”, como nos dizia o mano maluco beleza.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

A CIDADE SOMOS NÓS




A capital da Paraíba, cidade contraste, antigo e moderno; destino de culturas desde sua origem até os dias atuais.


                                          JOÃO PESSOA


Fundada em 1585, já nasceu cidade sem nunca ter passado pela designação de vila, povoado ou aldeia; visto que foi fundada pela cúpula da Fazenda Real, numa Capitania da Coroa. É considerada a 3ª. Cidade mais antiga do Brasil.
No início da colonização, quando a colônia brasileira foi dividida em Capitanias Hereditárias, grande parte do atual território paraibano situava-se na então Capitania de Itamaracá, sob o domínio de Pero Lopes de Souza. Posteriormente, essa Capitania foi desmembrada, tomando forma a partir de uma colina à margem direita do Rio Sanhauá.
A cidade de João Pessoa teve vários nomes antes da atual denominação. Primeiro, foi chamada N. S. das Neves em 05 de agosto de 1585, em homenagem ao santo do dia em que foi fundada. Depois, Filipéia de N. S. das Neves, em 29 de outubro de 1585, em atenção ao rei da Espanha D.  Felipe II, quando Portugal passou ao domínio espanhol. Em seguida, recebeu o nome de Frederikstdt (Frederica), em 26 de dezembro de 1634, por ocasião da sua conquista pelos holandeses, em homenagem ao Príncipe Orange, Frederico Henrique. Novamente mudou o nome, desta vez passa a se chamar  Parahyba, em 01 de fevereiro de 1654, com o retorno ao domínio português. Em 04 de setembro de 1930, finalmente recebeu o nome de João Pessoa, homenagem prestada ao presidente do estado.
João Pessoa se transformou, recentemente, numa das capitais nordestina mais bonita; com um potencial artístico-cultural de dar inveja a muitos polos turísticos do país. Celeiro criativo de toda sorte, poetas, músicos, pintores, escultores, arquitetos, dramaturgos, cineastas, sonhadores dos mais variados setores, com inúmeras facetas de interpretação da vida, fazendo dessa cidade um referencial reconhecido por todos.
João Pessoa tem suas perspectivas abertas pra aqueles que queiram realizar seus objetivos, sem necessitar renunciar suas origens. Um passeio por suas ruas ver-se a constância da diversidade, expressada em sua gente, praças, ruas, monumentos,  etc. O Ponto de Cem Reis, no centro, é exemplo disso: ritmo e vitalidade, sem dúvida, o retrato da convivência dos pessoenses; cidade aprazível em tudo por tudo,  como: restaurantes, bares, igrejas, etc. O Parque Solon de Lucena, ponto de convergência dos habitantes citadinos; é simbólico e apreciável pra todos da capital.
Além do mais, a meia hora de carro, encontram-se belas praias como a de Tambaú, com 8km de extensão de águas verdes-azuladas. Bem como, situa-se Picãozinho, recanto turístico de beleza natural. EmTambaú  se localiza o Hotel Tropical Tambaú que possui quadras de tênis, bares, restaurantes, salão de convenções e uma galeria de lojas, cinema, cabeleireiro entre outros.
Próximo ao Hotel Tambaú está a Feirinha, ponto de encontro dos turistas; o Mercado de artesanato com vendas de souvenirs, roupas, e um amplo leque de lugares com a gastronomia local, stands de quitutes saborosos. João Pessoa é mesmo uma cidade privilegiada; oferece outras tantas praias no seu litoral: tais como: Cabo Branco, Manaíra, Bessa, Mar do Macaco (praia de surf), Poço, Formosa, Camboinha etc.
João Pessoa a 3ª cidade mais antiga do Brasil e a mais querida por nós, seu povo.
Viva o povo pessoense! Viva a cidade João Pessoa!

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Resenha:A Bagaceira ganha adaptação de escritor paraibano





A Bagaceira, de José Américo de Almeida
Adaptação: W. J. Solla
Direção: Fernando Teixeira
Elenco: Elton Veloso; Walmor Pessoa; Kilma F. Bezerra; Tião Braga; João Dantas; Sebastião F  ormiga; Maria Betânia; e Damião Rodrigues
Capa: Fotos Dagoberto - Fabiana Veloso
                     Soledade – Gilberto Stuker
Fundação Cultural de João Pessoa
Apoio: FALTEC

SONETO CV
Não chame o meu amor de Idolatria
 Nem de Ídolo realce a quem eu amo,
     Pois todo o meu cantar a um só se alia,
E de uma só maneira eu o proclamo.
                                    (Wiliam Shakespeare)

A Bagaceira, adaptação do escritor W. J. Solla, ensaio teatral sob a direção do teatrólogo Fernando Teixeira; obra produzida, na década de noventa, por ocasião de sua dissertação de mestrado.

O texto reproduz, em formato dramático, o romance considerado como marco inicial da Literatura Brasileira Regionalista. História contemporizada à fase de intensa seca no nordeste.

Trata-se de uma tragédia contemporânea aos séculos XIX e XX, enfocando uma briga, de ferro e fogo, entre pai e filho por causa de um ‘amor sem futuro’. A pretendente, além de ser pobre, era também de cor escura.  Lúcio, filho do senhor de engenho, e ainda doutor-advogado se apaixonara pela filha de um dos empregados da fazenda do pai. 

Soledade, filha de Valentim, na verdade, era prima de Lúcio, daí a semelhança com sua mãe   morta; o pai dela era irmão da mãe do iozinho; enigma destrinchado apenas no desfecho final. Lúcio ao retornar da capital, onde concluíra os estudos, fora seduzido pela formosura de Soledade. Porém, chegara tarde, pois seu pai Dagoberto já havia se 'enrabichado' pela beldade Soledade; e mais, ela era sua amante. Valentim assassina o feitor Manuel Broca, após Soledade denunciá-lo pra safar o patão e amante do pai enfurecido e deshonrado.

Fragmento:
(...)
Soledade
Pois bem: foi o feitor (“cruzou os braços, acintosa”.)
Agora quero ver!...(“Silêncio aterrador”. Valentim se descontrola. Solta Soledade, vai à frente. E, rapidamente, sem Broca perceber, esfaqueia-o para espanto e terror de Soledade...) p.49

A obra é o quadro fiel expressionista marxniano e realista, onde se encontram  preconceito e fragilidades  sociais; falsos juízos de valores profícuos nos meandros das aparências e condições humanas; peculiares numa sociedade de classe de prepotentes senhores de terras com arraigados princípios; e ridículos caracteres do homem.

Assim, fecho essa breve escrita sobre A Bagaceira (adaptada pelo o eminente roteirista Solla) obra que, no mínimo, é inspiradora pra um eventual produtor teatral.
Deixo aqui os meus parabéns a todos que fizeram parte desse fabuloso trabalho.
MERDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O Brilho das palavras




As estrelas brilham alegres
Cada uma em seu lugar
Eu as chamo, e elas respondem: presentes!
Todas elas a me mirar.

O céu parece longe
Mas está pertinho a nós
É um brilho tão intenso
Que ofusca os nossos óis.

Se quisermos ir à lua
Ao sol, ao firmamento
Basta fecharmos os olhos, de boa
Voar nas asas do vento.

Sou tão pequenininha
Do tamanho dum feijão
Levo um lenço branco no bolso
Muita paz no coração.

Eu brinco de poeta
Vivo a tagarelar
Tramela na minha boca
Nunca ninguém irá botar.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Resenha: Cordel Machado de Assis


Livro: O Alienista em cordel
Autor: Medeiros Braga
Imprell Editora, 2008


O que é Cordel



Cordel é um tipo de poema popular, exposto para venda pendurados em cordas ou cordéis, o que deu origem ao nome Portugal. No Nordeste do Brasil, o nome foi herdado, porém os folhetos brasileiros poderiam ou não estar exposto em barbantes. Poemas de cordel são escritos em forma de rima e alguns são ilustrados. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores.
No Brasil, a literatura de cordel é encontrada no Nordeste, principalmente nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Costumava ser vendida em mercados e feiras pelos próprios autores. Hoje também se encontra em outros Estados, como Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, e são vendidos em feiras culturais, casas de cultura, livrarias e nas apresentações dos cordelistas.
Cordel também é a divulgação da arte, das tradições populares e dos autores locais e é de inestimável importância na manutenção das identidades locais e das tradições literárias regionais, contribuindo para a perpetuação do folclore brasileiro.
                                                                                                             (www.significados.com.br/cordel)

O Alienista em cordel, do autor Medeiros Braga, é um lindo livro. Une popular ao erudito. Obra que comemora o centenário da morte do maior escritor brasileiro Machado de Assis.Essa obra paraibana tem peso nacional, já que se baseia no Alienista, best-seller desse monstro da literatura brasileira. Pode-se dizer que, Medeiros Braga se supera nesse cordel; ele que tem pra mais de 60 títulos; vem com isso, brilhantemente, contribuir no processo de popularização da literatura erudita.  

O Autor Medeiros Braga conta com variado acervo; desde romances, poesias e livros de economia. Cordéis relevantes O Cordel do Manifesto Comunista; Leon Trotsky: Vida e Morte, Ariano Suassuna dentre outros.

Sua obra “O Alienista em cordel” apresenta-se toda em sextilhas; forma pertencente às criações dos poetas clássicos. Traz, ainda, no bojo cordelista, toda picardia machadiana através do protagonista Dr. Bacamarte Simão. Observe-se: “Do protagonista que é/ Dr. Simão Bacamarte/Mostra o autoritarismo,/O seu poder baluarte/De decidir sobre a sorte/Dos outros por toda parte.” (p.18)

Além disso, oferece uma breve biografia do Machado e também o seu lado poético, tudo em 100 páginas de tirar o fôlego de qualquer leitor. “Daquilo que não escreveu/Dá Machado a entender/ A hipocrisia política/ De alguém que quis vencer,/E a falsidade na prática/ Quando se chega ao poder.” (p.77)

Sem mais delongas, concluo recomendando a todos essa dica, pois tudo que eu lhe disser, caro leitor, não direi um terço daquilo que irá encontrar nessa preciosidade de obra. Portanto, deixo aqui os meus mais sinceros parabéns ao autor Medeiros Braga por tal façanha. Que sabemos não fora  tarefa fácil.

domingo, 7 de outubro de 2012

Farsa do abegobado Ou Do me engana, que eu gosto


      


Cena 1
 Adalgisa passara quase dois meses somente fazendo campanha eleitoral em prol de um único voto: voto 40, do partido PDGE. Seria a primeira vez  que se elegeria uma Prefeita naquela cidadezinha. A mulher ficara 24 hs. Por dia nos meios de comunicação: Twitter; Facebook, youtube, etc.
_ Estrela é a nossa Prefeita. Votem 40!
Cena 2
Chega o dia D;  fila de votação da Zona 67 do Colégio Fernando Teixeira. Adalgisa, a  própria, é a primeira a chegar pra votar. Não dá uns 15 mins., chegam mais umas quatro outras mulheres. Uma delas com um santinho:
_ Ei, vocês já tem candidato pra vereador? Toma esse aqui; ele é meu filho.
Cena 3
Chegam à fila mais uma meia dúzia de pessoas; se aboletam ali. E a outra:
_ Ei, vocês já tem candidato a vereador? Toma esse ‘santinho’. É meu filho.
Cena 4
Chega o policial no portão e diz:
_ Olha, pessoal, tudo indica que a entrada será naquele outro portão de trás.
Povorosa geral: (revolta mesmo)
Galera 1: Não pode ser, seu policial, a gente precisa ter certeza.
Galera 2: Que bagunça é essa?! Não sabe onde é a fila?
E várias pessoas revoltadas.
Cena 5
A mulher do santinho outra vez.  Volta e agradece as pessoas que receberam os santinhos do filho dela; abraça umas mulheres, e sai. De repente, duas daquelas mulheres que estavam ali e receberam o santinho saem dizendo que votavam em outra seção e que estavam esperando o ônibus. Então a tal mulher do santinho oferece carona e as duas aceitam. A tal mulher dos santinhos ainda diz:
_ O que a gente não faz por um filho?!
Cena 6
O Portão é aberto exatamente 8 hs. como fora previsto; Adalgisa entra, cumpre com o seu dever de cidadã, indo à urna votar no 40, na Estrela sua candidata. Rapidinho vai embora, porque ainda iria assistir à missa domingueira.
Cena 7
Após a missa, já em casa, faz as tarefas triviais. Depois do almoço, à frente da TV, comendo sua sobremesa preferida, coalhada gelada; acima da sua cabeça, aviões sobrevoam numa barulheira infernal.
_ Que diabo é isso?!
Pois é, pegaram o vizinho da Adalgisa fazendo boca de urna. Era tanto policial no portão do condomínio onde morava.

Daí, Adalgisa se toca que aquele teatro todo na fila de votação fora uma farsa pra ela cair de boca; e  quebrar a cara. O plano era levá-la presa de qualquer jeito. Ela até sabia o candidato que aprontara pra cima dela. Tudo armação! Aquilo, sem dúvida, fora uma ótima farsa pra pegar abegobado.
Adalgisa felizmente se safou daquela cena ilesa. Do jeito que se empolgara com sua candidata Estrela, provavelmente, despertara o veneno dos outros prefeitáveis, os quais compartilhavam os mesmos links on-line que ela.