Livro: O homem que
comprou a rua
Autor: Tarcísio Pereira
Imprel
João Pessoa: 2008
FIC Augusto dos Anjos
"Não existe nenhum
homem que,se puder ganhar o máximo, se conforme com o mínimo."
Friedrich Schiller
Não existe, no mundo,
quem faça alguém amar,se esse alguém não queira! Nesse jogo, a
regra é essa: os dois têm que estar de comum acordo. Fora nesse
detalhe que Guiberto Sampaio se dera mal! Marinalva, a sua
pretendida, não correspondera àquele sincero e atordoado amor. O
homem, então, endoidecera! Ao ganhar 15 milhões na lotérica,
comprara toda uma cidade no desejo de possuir a moça, porém saíra
frustrado no seu intento e por fim, fora assassinado. Não há como
se ganhar uma pessoa agindo desse modo! Inclusive, a Marinalva já
havia entregue o seu coração a outro, o Ronaldo Bola. E aí, o
Guiba, como era conhecido, nessa já entrara perdedor. O homem, teve
tudo pra dar uma guinada na vida, mas não, preferira continuar
naquela obsessão. Sim, porque tivera dinheiro pra conquistar tudo
que quisesse. Inclusive, ter a mulher que escolhesse. Mas, preferira
o sonho impossível. Marinalva estava casada e bem casada, não iria
deixar o maridão por nada. O Guiba, realmente, endoidecera de amor
(aquilo já não era amor, era frustração recolhida, ou seja,
doença). Comprar toda uma cidade na ilusão de ganhar uma mulher,
ele ultrapassara todos os limites. Marinalva fora sua perdição!
Enfim, era fundamental saber perder, porém o Guiberto Sampaio não
soubera.
Esse é o enredo da linda
obra O homem que comprou a rua, de Tarcísio Pereira. Por sinal,
muito bem bolado, e interessante. Trata-se de um romance rico nos
arquétipos hilários da sociedade, desde um tal de Parrela – bebum
filósofo; um outro, Lindomar Berro Grosso – locutor de rádio e
chantagista do povo; outros mais, como o Seu Gracindo – dono do bar
mais frequentado; o Zé Durval – corretor ganancioso, chantagista e
fofoqueiro; a Tia Sampaio – mulher puritana, comerciante de
galinhas e etc., mostram toda sensibilidade e conhecimento da alma
humana do autor.
Guiberto Sampaio,o
protagonista, personalidade complexa, incoerente e contraditória.
Tinha tudo pra ser uma pessoa feliz, mas que não soube fazer uma
escolha adequada e que se perdera no caminho; embrenhando-se pela via
da ganância e do desamor, isto é, tornara-se um homem infeliz
porque não fizera uma boa opção. Veja-se em:
Guiberto Sampaio Silva
compreendeu, num átomo, que estava completamente cercado de
inimigos. A sua própria tia o acusava e, também, assim como o
bodegueiro, o locutor e como tantos outros, ela mesma estava vindo
ali para tentar lhe arrancar alguma coisa. Logo ela, que até então
havia recusado qualquer oferta de sua fortuna, e que ele a
considerava a maior reserva de humildade e abnegação! Tia Sampaio,
logo Tia Sampaio, que o aconselhara a ser um homem justo...(p. 228)
Ainda ,o foco narrativo é
de 3a. Pessoa, ou seja, o narrador é onisciente. Também apresenta
sabor levemente irônico/moralizante e, com uma sutil profundidade
psicológica; bem ao gosto machadiano. Pode-se registrar também que,
o tempo narrativo é Cronológico, manifesto, basicamente, no relato
das ações do personagem Guiberto; vê-se nos fragmentos a seguir:
- Tudo em Vilaflor
pertence ao Capitão Guiberto Sampaio Silva! Aqui, agora, nem padre e
nem prefeito tem vez! (p.91)/ / decisão de Guiberto Sampaio chegou
aos ouvidos de Lindomar Berro Grosso. Já na manhã seguinte, em seu
programa na rádio da Feira Grande, a notícia foi ao ar como o
principal assunto do dia. Em relação ao espaço físico, a trama se
passa entre duas cidadezinhas Vilaflor e Feira Grande. Além disso
tudo, apresenta uma linguagem muito prazerosa de ler, simples e
direta; sem nenhuma prolixidade. São 280 pgs. de intenso prazer.
Portanto, concluo essas
ínfimas considerações a respeito desse belo livro O HOMEM QUE
COMPROU A RUA, dando os parabéns ao Machado paraibano Tarcísio
Pereira. E desde já, convido a todos a se deleitarem com essa
maravilhosa leitura!
Bravo, Mestre Tarcísio!
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