Livro: Cinema e
Memória: o super-8 na PB nos anos 1970/80
Orgs.: Lara Amorim
& Fernando Falcone
Editora
Universitária UFPB
João Pessoa: 2013
Nem só de pão, vive o homem, mas de
toda palavra de Deus.
(Mateus e Lucas
4, da Bíblia)
O
Livro, em foco, é realmente um excelente acervo de discussão
teórica e apreciação do público de filmes produzidos nas décadas
de 70 e 80 na Paraíba. É uma pesquisa realizada através do
Programa Petrobras Cultural, Cinema Paraibana: Memória e
Preservação; de 92 títulos, a maioria de bitola Super-8, distantes
dos circuitos exibidores.
Lara
Amorim e Fernando Falcone se embasaram em filmes de posse do NUDOC
(Núcleo de Documentação Cinematográfica – Campus I da UFPB),
com a cooperação preciosa do professor João Gomes, seu
coordenador, como também de vários cinéfilos que emprestaram
acervos de propriedade particular, tais como: Alex Santos, Ana Glória
Madruga, Elisa Cabral, Henrique Magalhães, Jomard M. de Brito, e
Pedro Nunes; e apoio de tantos outros, como: Produtor executivo Paulo
Henrique R. Sousa, o qual possibilitara a relação com a FAPE da
UFPB – e FUNAPE – e também com o MINC e à Petrobras, apoios
fundamentais pra respectiva pesquisa. Tal trabalho, realizado em
apenas 18 meses, permitira um mapeamento da filmografia paraibana,
onde foram registrados tanto o material impresso, como também,
através do website www.cinememoria.com.br.
Em
1960, Aruanda, de Linduarte Noronha, colocara a Paraíba no mapa do
Cinema brasileiro; após isso, seguiram-se outros Documentários que
fecharam o Ciclo do Cinema Paraibano; tipo, O País de São Saruê
(1971), de Vladimir Carvalho e outros. (p.58)
Às
páginas 105/107 vê-se fragmentos dessa bela obra: “Foi no NUDOC
que introduziu-se a proposta do Cinema Direto, nos moldes
preconizados por Jean Rouch uma vez que, embora oficialmente só
existisse meses depois, o Núcleo passou a ser a referência em
formação cinematográfica da universidade.
(…)
O
entusiasmo de Jean Rouch pela super-8 já fora anteriormente exposto
numa entrevista que concedeu à Miriam Alencar quando veio ao Brasil
participar da I Mostra de Filme Etnográfico do Museu de Arte
Moderna, no Rio de Janeiro:
A
imagem é que vai falar e nesse caso, o Super-8 tem todas as
condições para esse
tipo
de trabalho, na medida em que há maiores facilidades de filmagens. O
movimen-
to
da câmara deve caminhar em função do que vê. E o filme
etnográfico deve ser feito
também
em função do sentimento do autor diante de um homem e sua
civilização.
Através
de sua subjetividade se chega à objetividade científica. Essa
objetividade vai
ser
observada no momento em que se projetar o filme para os que foram
filmados.
Eles
vão dizer se sua realidade foi ou não captada (ALENCAR, 1975, p.2)
Dentre
os muitos filmes, de vários teores, constata-se que houvera uma
explosão na temática da sexualidade em bitola Super-8 e 16mm, tais
como: Esperando João, de Jomard M. de Brito; Acalanto Bestiale;
Miserere Nobis e Terceira Estação de uma Via Dolorosa, de Lauro
Nascimento; Closes, de Pedro Nunes; Cidade dos Homens e Paraíba
Masculina Feminina Neutra, de Jomar M. de Brito; Baltazar da Lomba,
do Grupo Nós Também; Era Vermelho seu Baton, de Henrique Magalhães;
O Caso Carlota, de Machado Bittencourt; Na Cama, de Romero Azevedo;
Flagrante Delito, de Rômulo Azevedo;e Perequeté, de Bertrand Lira.
Segundo
tal estudo – à pg. 123 - Guthier (2011) defende o Cinema Direto:
“A expressão Cinema Direto, em virtude, provavelmente, da
modéstia das suas pretensões, durou mais, porém ela deixava de
lado todos os documentos de arquivo que são em material importante
dos ditos “documentários”. Além disso, ao lado da televisão,
grande consumidora de tomadas de cenas feitas ao vivo, ela introduz
uma confusão, já que “direto”, nesse sistema, não implica nada
além da transmissão simultânea com a tomada de cenas, inclusive
para uma peça de teatro.”
Enfim,
deixo a dica de leitura! 163 páginas plena Memória Filmográfica da
Paraíba; linguagem e estética ao acesso dos cinéfilos e de outro
eventual leitor.
Ótima
leitura a todas e todos!
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