LIVRO: Cântico Voraz do precipício
AUTOR: Bruno Gaudêncio
EDITORA: Via Litterarum
Itabuna/Ba. - 2011/ 68p.:il.
“Nem pra morrer, o tempo presta”
Marco Di Aurélio
Livro com temática da Morte sempre suscita o inusitado, porque a morte sempre traz um certo estranhamento ao ser humano. Entretanto, não poderia ser assim, já que a mesma, queira ou não, faz parte do 'show' da vida e deveria ser vista, por todo indivíduo, como sendo um ato natural e não de estranhamento. Miguel Unamuno (in Do Sentimento Trágico, 1913) sustenta que a ânsia da imortalidade corresponde ao prolongamento de cada um, na não aceitação da morte como meta final de uma existência.
Livro com temática da Morte sempre suscita o inusitado, porque a morte sempre traz um certo estranhamento ao ser humano. Entretanto, não poderia ser assim, já que a mesma, queira ou não, faz parte do 'show' da vida e deveria ser vista, por todo indivíduo, como sendo um ato natural e não de estranhamento. Miguel Unamuno (in Do Sentimento Trágico, 1913) sustenta que a ânsia da imortalidade corresponde ao prolongamento de cada um, na não aceitação da morte como meta final de uma existência.
Cântico Voraz do
Precipício, desde de seu título, mostra sua carga semântica
trágica. Nietzche (2003) ao falar do nascimento da tragédia,
destaca o seu caráter de transgressão de uma ordem estabelecida.
Creio que é aí, no 'estranhamento' (a morte), onde se encontra o ápice narrativo desse verdadeiro quadro humano.
O Livro se apresenta em duas partes: Na 1a. em Inspirações à beira do
abismo, apresenta seis contos; e na 2a. em A linguagem nas
sombras da morte mais três outro contos, perfazendo um total de nove
contos que tocam a alma de qualquer pessoa, pela sua força poética.
Vê-se às ps. 47/48 in
Má Lembrança “(...) Quando ele morreu tinha cinco anos e eu seis
de idade. Eu gostava dele, dos seus olhinhos de pitomba, seus
cabelos alourados, feito os de tio Renato, e principalmente do seu
sorriso maroto.”
Também, à p. 55 "(...) Não deu um minuto, abruptamente, o segurança com um forte chute abriu a porta do apartamento...Um corpo, já ressecado pelo tempo, de uma velhinha no sofá. As mãos jogadas, a cabeça à direita, assentada em uma pequenina almofada. Parecia sorrir embrulhada em um suéter de lã cor aparentemente verde. A casa estava totalmente imunda, cheirando a mofo, mas ainda mantinha requinte."
E, ainda, à p. 63 “Sentei na pedra irregular dos meus sentidos, no pedaço oblíquo dos nossos sonhos falhos. A tarde estava longe de fazer nascer o inevitável crepúsculo (…) Ao olhar fremente para você, percebi que ainda possuía no instante de pedra o sorriso de lata, as feições pinceladas de um artista clássico renascentista,...”
Também, à p. 55 "(...) Não deu um minuto, abruptamente, o segurança com um forte chute abriu a porta do apartamento...Um corpo, já ressecado pelo tempo, de uma velhinha no sofá. As mãos jogadas, a cabeça à direita, assentada em uma pequenina almofada. Parecia sorrir embrulhada em um suéter de lã cor aparentemente verde. A casa estava totalmente imunda, cheirando a mofo, mas ainda mantinha requinte."
E, ainda, à p. 63 “Sentei na pedra irregular dos meus sentidos, no pedaço oblíquo dos nossos sonhos falhos. A tarde estava longe de fazer nascer o inevitável crepúsculo (…) Ao olhar fremente para você, percebi que ainda possuía no instante de pedra o sorriso de lata, as feições pinceladas de um artista clássico renascentista,...”
Então, concluo esse
breve comentário ratificando o mister do enfrentamento desse dilema
humano que é a morte, pois igualmente ao nascimento não há nada de
estranho; muito pelo contrário, é a coisa mais natural do mundo.
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