LIVRO: Essa Mecânica Nefasta – O Eu
e os outros
AUTOR: Hildeberto B. Filho
EDITORA: Ideia
João Pessoa: 2014 – 129p.
“O
terror dá asas aos pés”
Virgilio
A obra, em foco, trata,
com precisão, dos olhares nefastos dos críticos sobre o Eu, único
livro do Poeta paraibano Augusto dos Anjos. E está dividida em três
partes: 1a. A poesia e a história; 2a. Outros
olhares e a 3a. Três crônicas. Porém, a parte que mais
me interessara fora a que se refere aos outros olhares, ou seja, à
segunda parte.
Observa-se, então, a
partir de tal obra, que o livro Eu do Poeta Augusto dos Anjos fora
relegado pela Literatura Brasileira, e, também, denegrida pela
crítica especializada. Tal leitura, inclusive, dá panos pras mangas
pra compreender por que a poética anjelina não obtivera a
importância devida, nem se consolidara como devia.
O Eu fora desprestigiado,
até, pelo Poeta Manuel Bandeira, quando numa carta a Gilberto Freira
chama Augusto dos Anjos de “poeta para soldado de polícia”.
Registro feito datado de 1975, em Tempo morte e outros tempos, no
diário de adolescência de Gilberto Freire; mostrando, assim, o
fechamento das mentes em relação ao nosso poeta maior Augusto dos
Anjos. (cap. Augusto no olhar de Bandeira, à p.80)
E ainda vê-se, à p. 85,
no cap. Augusto, Poeta Expressionista, “O “infortúnio crítico”
acerca da poética de Augusto dos Anjos, a que se referiu Eduardo
Portela, começa, aos poucos, a ser desfeito, na medida em que, em
lugar do eu empírico do poeta, isto é, sua personalidade
biográfica, toma-se, como objeto de investigação, a persona
lírica, ou seja, o eu poético, fruto da fantasia criadora e
materializado pela injunção dos recursos corpóreos da tessitura
textual, naquilo que ela contém de riqueza ritmico-melódica e
semântico-imagética.”
Ademais, o autor corporifica a
sua temática à p. 105, cap.Augusto e Chico Viana – um percurso de
melancolia “Se existe um poeta incompreendido pela crítica, este
poeta é Augusto dos Anjos (1884-1914). Desde a publicação da
primeira edição do seu único livro, Eu, em 1912, que a crítica e,
mais tarde a historiografia literária vem mantendo uma espécie de
arenga sem sentido em torno de sua poética singular. (…) Na sua
grande maioria, confusos no mar de dissonâncias técnico-literárias
e no universo heterodoxo do espectro temático característico de sua
obra, os críticos tanto os impressionistas e positivistas de fins do
século como os gramáticos e esteticistas da “belle époche”,
não souberam atentar para a especificidade e autonomia estéticas da
dicção lírica do poeta paraibano.”
Concluo, portanto,
dizendo que o livro Essa Mecânica Nefasta O Eu e Os Outros, de
Hildeberto Barbosa Filho é, no mínimo, esclarecedor do por que o
Poeta Augusto dos Anjos ter sido tão relegado no âmbito literário
nacional.
Fecho, desejando uma
excelente leitura pra todos!
Atenção: Livro à venda
no Sebo Cultural; a uma bagatela de $20.00. Lá com o camarada Heriberto.
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