Esses dias, caminhando à
beira mar, deparei-me com um absurdo dos absurdos. A praia estava tomada por
cadeiras e guarda-sóis; tantos que chegavam até bem dentro do mar. Daí, não me
contive de tanta curiosidade, quis saber quem era o legítimo dono daquele
pedaço de terra pública.
Pois bem, logo dei de cara
com um senhor. Um senhorzinho simpático e tostado do sol. Com um sotaque de
gringo. Percebi isso logo no primeiro contato. Como eu estava dizendo, dei-lhe
bom dia e perguntei-lhe se havia comprado a praia. Falei: Sim, o senhor, deve
ter comprado, porque com um absurdo desses; o senhor deve ter até a escritura
de posse. Mais que depressa, ele me respondeu que sim; que possuía licença da
prefeitura e que estava dentro dos conformes da lei. Perplexa, respondi-lhe que
não poderia ser um absurdo daquele. Então, falei-lhe, bem na fuça dele, que não
podia fazer aquilo que iria denunciá-lo. Ele tranquilão me jogou na cara: Pode
fazer o que quiser, mas estou legalizado.
Fui embora. Continuei a
minha caminhada, conjecturando comigo mesma; com certeza, devia haver alguém na
prefeitura se fazendo de ‘bobo’ pra dar licença pra tomarem o que é de direito
do povo. Deveria ter recebido uma gorda propina, pois só assim pra tal vexame.
É, mas do jeito que vai a
carruagem, não sei onde vai parar! Creio que em pouco tempo, nossa cidade será sitiada
pelos portugueses e espanhóis; também com uma crise braba na Europa e as
facilidades existentes aqui na nossa terrinha, quem não quer?! Até eu queria! Nós,
pessoenses, precisamos tomar tento porque esse povo é muito esperto; e nosso
povo não pode entregar de bandeja o que há quinhentos anos fora tomado à duras
penas. Fora muita matança! Nossos índios foram extintos na guerra contra esses mesmos
que estão voltando com a bola cheia. Daqui há pouco, nós é que seremos expulsos
do nosso próprio espaço. As autoridades precisam enrijecer as leis de imigração
porque senão o bicho vai pegar! E nossos parcos empregos irão pras cuscuias!
Uma porque, a maioria deles vêm pra cá muito bem instrumentalizados. Com uma
formação de primeiro mundo. Há poucos dias, minha filha me disse que tem um
portuga trabalhando com eles e que é o bambam em 3D. Esse aí é exemplo de
muitos que estão, no Brasil, usufruindo do nosso despreparo; de nossa pouca técnica;
de nossa desprofissionalização.
Vejam bem, não é que sou
xenofóbica. Não é nada disso! Mas, precisamos ver com carinho essa história de
imigrantes que estão aportando em nossas terras. As autoridades tem que ficarem
bem atentas ao problema. Não podemos entregar o pouco espaço que temos para
esse povo que já levou até nossas almas outrora. Assim é muito bonito pra nossa
cara! Eles já usufruíram de todas nossas riquezas; levaram de um tudo pra eles;
ficaram milionários às nossas custas. E agora que estão pobres virem pra cá
‘cordeirinhos’ pra nos tirar o restante. Essa é muito boa! Vão à merda! Fiquemos todos de olhos bem
abertos com esses ‘nossos irmãos’! Se eles fizeram uma vez, poderão fazer
novamente. E agora somos nós mesmos que teremos que enfrentar as feras. Não
serão os nossos irmãos indígenas, porque não tem mais forças pra tal empreitada.
No passado, foram eles que deram suas vidas. Hoje teremos que dar nossa pele. Quero ver, então, com quantos paus se faz uma
canoa?!
Acham que sou cricri? Que
estou exagerando? Estou...! Mesmo porque se me fizer de melado, as formigas me
comem viva. É outra...! Quem não gostar das minhas palavras que vá às favas,
porque comigo é assim! Sou paraibana, mulher, mas não sou boba!
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