O homem, a águia, o bode, e o pássaro
Um
construtor desconhecido concluíra a obra do seu Projeto Morada do sol. Uma vila de quatro aptos.
de dois quartos. D. Águia, a sua sócia, surrupiara-lhe a escritura de um dos
imóveis na hora da partilha dos lucros da venda. Então, nisso, eu havia me
transformado num bode expiatório da história. Tudo porque caíra na lábia da D.
Águia, quando comprara um dos aptos. Fora assim que entrara naquele inferno, naquela
trama macabra. Fora desesperador! Eu que até aí, não tinha nada com as
maracutaias daqueles topetudos. Caíra direitinho em suas armadilhas. Enfiara-me
num beco sem saída. Tudo que me vinha do tal homem após isso, cheirava a
conspiração para tirar-me do sério e azucrinar- me. Entrei, literalmente, na sua
arapuca. Havia gente pra me vigiar dia, noite e madrugada. Filmavam-me como num
grande BBB. Talvez um dossiê o bicho estivera preparando pra prejudicar-me. Eu não
tinha saída mesmo. Entrara de gaiato no navio. A não ser esperar um milagre. Fora, aí, que um passarinho
veio ao meu ouvido e me contara a verdadeira identidade do talzinho. Ele fazia
parte de uma rede internacional de tráfico de travestis brasileiros. Inclusive, a mídia local já havia alardeado. Era procurado pela
Interpol. Assim, acabara o meu sufoco. De imediato,
fora vascular, na web, todo o currículo dele. Daí, fora constado que o periquito
estava mais do que bem informado. Eu não precisaria me preocupar mais com nada. Acionaria a Federal. Resolvido o problema. Enfim, pensei num conhecido provérbio que diz "Depois da tempestade
sempre vem a bonança."
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