Peça: A Pá
Direção: Haroldo Rego
Produção: Piollin Grupo de Teatro
João Pessoa: 2013
Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente.
(Érico Veríssimo)
O Teatro do Absurdo chega ao Brasil em meados da década de 1950, com Esperando Godot, encenado na Escola de Artw Dramática (EAD) e depois, com espetáculos de Luís de Lima para peças de Ionesco. Nas décadas de 1960 e 1970, continuam a ser montadas peças "do absurdo", e são dignos de nota a montagem do diretor argentino Victor García para Cemitério de Automóveis(1968), de Arrabal; a encenação de Esperando Godot (1969), com participação de Cacilda Beker e o espetáculo O Arquiteto e o Imperador da Assíria (também de Arrabal), realizado pelo Teatro Ipanema em 1971.
A peça A Pá dirigida por
Haroldo Rego e produzida pelo Piollin Grupo de Teatro é Ionesquiana, por seu
feitio aos modos do Teatro do Absurdo. Retrata a banalização da vida na
sociedade contemporânea. Onde o homem é
bestializado nas suas ínfimas coisas do cotidiano, refletindo no espectador
toda carga da pequenez a que chegou o ser humano.
Os personagens transitam
entre o trágico e o cômico, vislumbrando todo um paradigma do Teatro do
absurdo; apresentados através de procedimentos peculiares, tais como: situações
banais, frases feitas, gestuais mecânicos repetidos incessantemente, ações sem
motivos aparentes etc.; giram em círculos, num amontoado de acontecimento sem
nexo real. Além disso, o enredo foge aos padrões tradicionais, onde não existem
correlações entre as partes do todo. Tudo está muito solto, sem elo entre as
partes, marcando estranheza do espetáculo. Sem aquela de início, meio e fim
determinados. Ainda, sem contar do insólito dos temas inseridos, como
violência, religião, sexualidade, e morte.
Enfim, a morte (matada e banal)
contida no texto e contexto faz-se presente na trama teatral - metaforizada pela
personagem maior ‘a pá’- único fio condutor do roteiro dramático. Portanto, a
peça é mais que uma assimilação do Teatro do absurdo. Com uma dramaturgia
apurada; conta, no elenco, aqueles que já são marcas consagradas, como: Soia,
Nanego e Buda Lira; Everaldo Pontes dentre outros na sua montagem; quase todos
figuras carimbadas no Teatro e cinema paraibanos, e até nacionais.
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