domingo, 24 de junho de 2012
Nos Tempos modernos é assim
Dedicado às mães brasileiras
Cena 1-
O meu filho mais velho mora em república; daí foi à minha casa me visitar, ao invés de conversar comigo, liga o lep top, parecia até que eu estava invisível ou havia saído. Pois dar 1, 2, 3hs, ele rindo de alguma coisa engraçada e nem tum pra minha pessoa. Então, pergunto: _O que é de tão engraçado, filho? Ele responde: _Nada, mãe! Gargalha depois. Eu curiosa outra vez lhe pergunto:_ O que tem aí tão divertido? Ele:_Nada, mãe!
As horas passam. No outro dia tudo de novo; no outro, e no outro dia a mesma coisa. Eu não contei conversa e disse-lhe:_ Vá pra sua casa. Ele nem me retrucou nada, pegou a mochila e se escafedeu.
Cena 2
Minha filha Júlia chegou em casa altas horas da balada. Assim que entrou em casa perguntou-me: _Mãe, cadê o teu celular? Mas que depressa eu lhe entrego o aparelho. Dar 1,2,3hs, ela rindo compulsivamente. Daí, pergunto-lhe: _O que é de tão cômico, minha filha? Ela me responde distraída: _Nada não, mãe. Então, tomei o celular da mão dela e disse-lhe: _Se não é nada importante, então chega de conversa e risadagem.
Cena 3
O meu caçula chegou da escola. Senta-se à mesa pra almoçar. Eu como sempre pus a sua comida. Ele ficou quieto não me disse absolutamente nada. Comeu toda a comida e foi pra frente da televisão. Então perguntei-lhe: _ A comida estava boa, filho? Sabe o que ele me disse: _Sai pra lá; não me incomoda, mãe. Quero ficar em paz. Posso?
Assim termina a história da solidão de uma mãe. Mulher que deu a alma e a vida pela felicidade de sua prole. (Uma Mãe é pra cem filhos, mas cem filhos não é para uma mãe!)No meu caso, uma mãe é pra três filhos, mas três filhos não é pra uma mãe.
segunda-feira, 18 de junho de 2012
Resenha: Vitória de Samotrácia
Trigal com Corvos
W. J. Solha
Palimage Editores – 2004
Na capa autoretrato de W. J. Solha inserido na pintura “Tribal com Corvos” de Van Gogh
Diagramação/capa: José Hertz da Cruz
“Para que haja grandes poetas é preciso que haja também um grande público.”
(Walt Whitman)
O livro Trigal com Corvos, do escritor W. J. Solha, é sua única obra poética dentre peças de teatro, romances, exposição de pintura e até atuação no cinema. Pode-se denominá-la de Solhapedia pelo cabedal de conhecimento que se tem ao lê-la. Sem dúvida alguma, a wikipédia está aquém da gama de informação que tal obra traz no seu bojo. Observe:
“O mundo é uma enciclopédia que junta Moscou com mosca
pavão com Pávlova
ciclo com Ciclope
e aceita – com igual isen-
ção - que “escatologia”
tanto signifique doutrina te-
ológica que trata do destino
final do homem e do mundo
(se vem do grego éskhatos) p.54
Diz o autor que ficou nada menos que quatorze anos escrevendo a mesma. Não é pra menos! Na sua poética, ver-se como é rico o leque de cultura que se permeia por toda a extensão desse belo livro. Desde filosofia, sociologia, psicologia, artes (de modo geral, teatro, cinema, tv, fotografia), literatura, dramaturgia, teologia, e história. Detalhe, bem ao estilo ‘uteriniano’.
ex:
“e de repente leio Borges afirmando que, a temporada dos grandes
autores e poetas já se foi
a que se segue o impacto de ver Mário Pedrosa dizendo em “Mundo
Homem Arte Em Crise” que estamos em plena crise da civilização verbal
pelo que me vejo recomeçando um trabalho já superado por si mesmo
e faço uma parada
total!” p.17
A Obra Trigal com Corvos é mesmo de peso! Feita com simplicidade, clareza e fácil de ser lida; sem rodeios nem floreios. Agora, quanto aos Corvos creio que o escritor fez uma homenagem ao poeta paraibano Augusto dos Anjos; como todo conterrâneo que se preze é caído de paixão por essa sumidade da literatura brasileira; além de sua intertextualidade com a pintura do Van Gogh. Já os Trigais; aparecem amarelhinhos, bem à época da colheita.
Pois pois os corvos estavam à ronda:
“Jamais me droguei como Freud
Poe
Basquiat
Jamais briguei como Caravaggio
Nem fui homossexual como ele e Tchaikovsky
Leonardo
Auden
Lorca
Miguelângelo
Fernando Pessoa
Warhol
Tenessee Willias
Whitman
Ou Shakespeare
Vai ver que por isso jamais fiz nada que preste.” P. 38
Valem outros:
“...
O suficiente
ainda
para ler Maiakowsky
Brecht
Gide Sartre Camus
Thomas Mann
Além de Faulkner Hemingway Pound Eliot Fitzgerald
Huxley
Hesse Steinbeck Cortázar
e para vê-los
todos
perdendo impacto prestígio e brilho
todos ficando cada vez mais sem...substância
na distância infinita que agora nos separa
como os corpos – no parto – de mãe e filho.”
P.87
P.87
Mais:
“Daí que procuro sempre a essência
em meus textos
como que acaso e tempo chegara na Vitória de Samotrácia
ensinando-me que
na verdade
toda obra de arte tem pelo menos uma parte melhor que o todo
- como o segundo movimento do concerto número quarto
de Beethoven
no qual o tranquilo piano dialoga com a furiosa orquestra até
dominá-la
- e é só ela que me interessa.” ps. 87/88
Vale a pena conhecer essa paideia paraibana! O areté W. J. Solha!
( todos em pé) Digamos B R A V O! B R A V O!
domingo, 17 de junho de 2012
O Planeta agradece
O homem é um cascão
Não cuida de seu lixo; não
Toneladas e toneladas…
De resíduos fora, jogadas.
Além dele poluir o ambiente
Quer mais, quer que o planeta esquente
Vira bicho, se alguém reclama numa boa
Da lata de cerveja que jogou à toa.
Ó parangolé doido!Bicho d’outro planeta!
Fica com cara de peido…
Não vê um palmo além do nariz
O planeta pede socorro. Está por um triz.
Vejas se cai na real
Toma! Que o filho é sideral!
O leite está sendo derramado
Quando alguém deve ser responsabilizado.
Sei que tudo passa na vida
Tu passarás também
Sinto-me lânguida
Faça-me o favor: deixes de desdém.
Seu retardado, tu abilolou?
É contigo que falando estou
Sejas um pouco mais consciente
Não desprezes o bonde da história, seu demente!
Abras exceção, faças tua parte
Cuides do teu habitat
Preserves a natureza
Prá teu descendente apreciar tua proeza.
O papo está bom…demais de bom…!
Mas, chegou minha hora
Eu já me vou embora
Fica então meu recado; adeus…, tá bom!
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