segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A Deusa grega Moria



A Loucura se faz empoderada
Via web, na internet
Por todo imenso Planeta
É, hoje, compartilhada!

As pessoas estão aprisionadas
À ela; de dentro de seus próprios lares
Parece mentira, mas vivem-na em seus celulares
Num turbilhão de devaneios, encurraladas.

À turba delirada,
Moria solapara a sua utopia
Doidivanas e de hilárias historias.

Disse-nos Erasmo de Rotterdam: “A Loucura
tem tantos atrativos para os homens
que, de todos os males, é ela o único bem!”

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

RESENHA: A MORTE COMO COMPANHEIRA



LIVRO: Cântico Voraz do precipício
AUTOR: Bruno Gaudêncio
EDITORA: Via Litterarum
Itabuna/Ba. - 2011/ 68p.:il.


“Nem pra morrer, o tempo presta”
Marco Di Aurélio

Livro com temática da Morte sempre suscita o inusitado, porque a morte sempre traz um certo estranhamento ao ser humano. Entretanto, não poderia ser assim, já que a mesma, queira ou não, faz parte do 'show' da vida e deveria ser vista, por todo indivíduo, como sendo um ato natural e não de estranhamento. Miguel Unamuno (in Do Sentimento Trágico, 1913) sustenta que a ânsia da imortalidade corresponde ao prolongamento de cada um, na não aceitação da morte como meta final de uma existência.

Cântico Voraz do Precipício, desde de seu título, mostra sua carga semântica trágica. Nietzche (2003) ao falar do nascimento da tragédia, destaca o seu caráter de transgressão de uma ordem estabelecida. Creio que é aí, no 'estranhamento' (a morte), onde se encontra o ápice narrativo desse verdadeiro quadro humano.

O Livro se apresenta em duas partes: Na 1a. em Inspirações à beira do abismo, apresenta seis contos; e na 2a. em A linguagem nas sombras da morte mais três outro contos, perfazendo um total de nove contos que tocam a alma de qualquer pessoa, pela sua força poética.

Vê-se às ps. 47/48 in Má Lembrança “(...) Quando ele morreu tinha cinco anos e eu seis de idade. Eu gostava dele, dos seus olhinhos de pitomba, seus cabelos alourados, feito os de tio Renato, e principalmente do seu sorriso maroto.”

Também, à p. 55 "(...) Não deu um minuto, abruptamente, o segurança com um forte chute abriu a porta do apartamento...Um corpo, já ressecado pelo tempo, de uma velhinha no sofá. As mãos jogadas, a cabeça à direita, assentada em uma pequenina almofada. Parecia sorrir embrulhada em um suéter de lã cor aparentemente verde. A casa estava totalmente imunda, cheirando a mofo, mas ainda mantinha requinte."

E, ainda, à p. 63 “Sentei na pedra irregular dos meus sentidos, no pedaço oblíquo dos nossos sonhos falhos. A tarde estava longe de fazer nascer o inevitável crepúsculo (…) Ao olhar fremente para você, percebi que ainda possuía no instante de pedra o sorriso de lata, as feições pinceladas de um artista clássico renascentista,...”

Então, concluo esse breve comentário ratificando o mister do enfrentamento desse dilema humano que é a morte, pois igualmente ao nascimento não há nada de estranho; muito pelo contrário, é a coisa mais natural do mundo.

Deixo, assim, a título de reflexão, a seguinte máxima de Pitágoras: “A vida é como uma sala de espetáculo; entra-se, vê-se e sai-se.”

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

RESENHA: O EU AOS OLHARES NEFASTOS




LIVRO: Essa Mecânica Nefasta – O Eu e os outros
AUTOR: Hildeberto B. Filho
EDITORA: Ideia
João Pessoa: 2014 – 129p.


O terror dá asas aos pés”
Virgilio


A obra, em foco, trata, com precisão, dos olhares nefastos dos críticos sobre o Eu, único livro do Poeta paraibano Augusto dos Anjos. E está dividida em três partes: 1a. A poesia e a história; 2a. Outros olhares e a 3a. Três crônicas. Porém, a parte que mais me interessara fora a que se refere aos outros olhares, ou seja, à segunda parte.

Observa-se, então, a partir de tal obra, que o livro Eu do Poeta Augusto dos Anjos fora relegado pela Literatura Brasileira, e, também, denegrida pela crítica especializada. Tal leitura, inclusive, dá panos pras mangas pra compreender por que a poética anjelina não obtivera a importância devida, nem se consolidara como devia.

O Eu fora desprestigiado, até, pelo Poeta Manuel Bandeira, quando numa carta a Gilberto Freira chama Augusto dos Anjos de “poeta para soldado de polícia”. Registro feito datado de 1975, em Tempo morte e outros tempos, no diário de adolescência de Gilberto Freire; mostrando, assim, o fechamento das mentes em relação ao nosso poeta maior Augusto dos Anjos. (cap. Augusto no olhar de Bandeira, à p.80)

E ainda vê-se, à p. 85, no cap. Augusto, Poeta Expressionista, “O “infortúnio crítico” acerca da poética de Augusto dos Anjos, a que se referiu Eduardo Portela, começa, aos poucos, a ser desfeito, na medida em que, em lugar do eu empírico do poeta, isto é, sua personalidade biográfica, toma-se, como objeto de investigação, a persona lírica, ou seja, o eu poético, fruto da fantasia criadora e materializado pela injunção dos recursos corpóreos da tessitura textual, naquilo que ela contém de riqueza ritmico-melódica e semântico-imagética.”

Ademais, o autor corporifica a sua temática à p. 105, cap.Augusto e Chico Viana – um percurso de melancolia “Se existe um poeta incompreendido pela crítica, este poeta é Augusto dos Anjos (1884-1914). Desde a publicação da primeira edição do seu único livro, Eu, em 1912, que a crítica e, mais tarde a historiografia literária vem mantendo uma espécie de arenga sem sentido em torno de sua poética singular. (…) Na sua grande maioria, confusos no mar de dissonâncias técnico-literárias e no universo heterodoxo do espectro temático característico de sua obra, os críticos tanto os impressionistas e positivistas de fins do século como os gramáticos e esteticistas da “belle époche”, não souberam atentar para a especificidade e autonomia estéticas da dicção lírica do poeta paraibano.”

Concluo, portanto, dizendo que o livro Essa Mecânica Nefasta O Eu e Os Outros, de Hildeberto Barbosa Filho é, no mínimo, esclarecedor do por que o Poeta Augusto dos Anjos ter sido tão relegado no âmbito literário nacional.

Fecho, desejando uma excelente leitura pra todos! 


Atenção: Livro à venda no Sebo Cultural; a uma bagatela de $20.00. Lá com o camarada Heriberto.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A Monga & Cia



Há de tudo, desde palhaços até mulher elástico
O globo da morte, com ciclistas irados
Bailarinas e trapezista especializados
A Monga e Cia empreende sua arte com arrojo plástico.

Há até homem que faz serpente dançar
Com sua flauta, dá o tom e ritmo do bailado
A peçonhenta faz, às alturas, aquele gingado
Uma graça! É espetacular!

E Show, à parte, é a Monga!
É um entretenimento certo
A todos que desejem assisiti-lo, está aberto!

Como manda o figurino
A Trupe não tem modéstia
É um espetáculo e ninguém contesta.

sábado, 13 de setembro de 2014

Feliz feito pinto em merda



Só vendo a alegria do pobre!
O bicho trabalha de sol a sol
E a muié do cara vive de shopping...! Ô, cabeça oca!
Enquanto o caba se mata, ela parece um anzol!

E o otário? Só fala: Meu amor!
E ela garimpando, nas lojas, as liquidações
Eu te amo, minha flor!
- Eu sei disso! Mô, ei, toma os canêis das prestações.

Oh, meu amor, tu sabes que moras no meu coração!
Tchau, volto já; vou ali, na venda, comprar feijão.
- Legal, mô! É bom a gente ter o que comer!

Ei, sabes hoje que dia é?
- […] Ñão. Lembro não, Zé!
Tá fazeno quinze anos que nóis se amarremo!


domingo, 7 de setembro de 2014

Cão doido por natureza



"_Quem somos? Para onde vamos? Qual a nossa origem?"
Essas são as perguntas que mais nos aflingem
Na vida do homem essa é a nota
Não tem como sermos indiferentes a elas
Tudo muito angustiante; e feio que pela!
Hoje mais que ontem somos uns idiotas!

Passam os séculos, mas nada muda!
Fome, dor, miséria, guerras etc; o ser não transmuda!
Transformam-se as coisas do mundo
Mas, a fraqueza humana é inevitável!
Nosso viver é mesmo lastimável!
Somos todos uns vis furibundos.

A tristeza é outra que nos assola à noite
Nem mesmo indo às modernas boites
Ela não dá trégua à nossa vida infeliz
O presente nos constrange
Somos Zumbis e nada nos tange
Da mesmice dos algozes pueris.

E para iludir a nossa desgraça
Envernizamos nossas carcaças
Para ao espelho nos encararmos
Mas, por trás de toda essa máscara
Somos cão doido que escapara
Do seu canil, sem os donos amordaçarmos!

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

RESENHA: GOL (FOS) DE LETRAS



LIVRO: A FLOR DO GOL
AUTOR: SÉRGIO DE CASTRO PINTO
EDITORA: ESCRITURAS
SÃO PAULO/2014 – 95ps.


"Se os insetos jogassem futebol, as centopeias dariam excelentes centro-avantes e as aranhas, ótimos goleiros."


Em noventa e cinco páginas, a obra somente traz 32 poemas. Desses, apenas 6 fazem jus ao que se propusera. É, porque o que atrai o leitor ao livro é a impressão de que o tema seja a Arte do futebol, ou algo do gênero. A leitura feita, fica aquela pergunta: Será que autor Sérgio de Castro Pinto chutou a bola pra outro estádio? Ou preferiu passar a bola pra outro jogador (autor)? Creio que o seu Gol atravessou a cidade; e foi bater do outro lado do país, lá na Floresta Amazônica, pois o que se encontra nos seus versos são campos e campos cheios de tamanduás-bandeiras e outros bichos.

Veja-se: exposto à capa

“(…) e a bola não é mais a bola,
a redonda, o balão, a esfera,
não é mais folha seca,
mas a semente, o goivo,
a flor do gol explodindo
em primavera.”

À p. 43, no poema Esta Lua

“(...) candeeiro de luz bruxuleante,
hóstia andante de uma irmã de caridade,
esta lua é o branco marfim de um elefantes
perfurado do céu o toldo estrelado,
mastodonte manso, pacificado,
urinando gotas de luar no gozo
dos amantes tristes e extenuados. ”

Ainda, à p. 56 in Intertextualidade

“é quando o tigre de blake
devora o rouxinol de keats
e põe-se a comer alpiste
e a rugir trinado
meio fera meio pássaro”

Então, eis a pergunta ao Poeta: Onde estão as Flores do Gol, Baudelaire paraibano? Didi, Vavá, Jairzinho, Leônidas, e Garrincha viraram estrumo do mal no Cemitério de automóveis; e os demais? "(...)mas quão céleres/ os passageiros/ se preciptam / no despenhadeiro//"  à p. 54. É, porque da temática arrolada no título do livro, ficara só gol (fadas) às ps. 25,26, 27,28, 29 e 30.

Onde, um tanto frustrada, falo: Queria mais! Que numa próxima Vavá, o Leão das Copas e os outros craques brasileiros sejam bem mais contemplados!

E, pra completar, deixo essa pérola que está à p. 26:

“o sol puxou/ os raios/ da cabeça/ descabelou-se/ amarelou/ perdeu a cor/ ante o brilho/ da fulva juba/ e da garra afiada/ do leão atilheiro/ que encadeou/ o arqueiro/ da Checoslováquia/ com fome/ de...goooooooollllllll!”

E, assim, findo o meu breve comentário sobre a obra A Flor do Gol, do autor Sérgio de Castro Pinto; dizendo que todo bom brasileiro ama futebol, e eu não fujo à regra. Desde de tenra idade era o meu hobbe preferido ir, com meu pai S. José de Castro e meus irmãos, ao Estádio Almeidão nas tardes de domingo.