sábado, 30 de novembro de 2013

Cultura de morte (Ou Soneto I)


Só males são reais! Só dor existe
Em cima dessa terra; o pânico persiste
Mortes matadas, violência que campeia
Entre as pessoas de bem, a vida é peleia.

Dor e ranger de dentes em nossos dias
Jovens, na flor da idade, são mortos; que sangria!
Os traficantes matam-lhes sem piedade
Balaços com uma Quarenta...uma barbaridade!

Fora decretada a cultura da morte!
Já não se tem mais como reverter esse imbróglio
O tempo está fora de propósitos.

Famílias destroçadas nas raízes
Muitas vezes, ceifadas sem saberem por quê
Em brigas de foices, ou sei lá mais em quê! 

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Ente muito solitário (Ou Soneto III)


_ Vá, encontre um lugar pra si no mundo!
Não tenho mais o menor interesse no que diz.
Seja o poeta épico ou lírico, assim, lhe condiz
As palavras lhes obedecem; pisam fundo.

A sua obra já não lhe pertence; extrapolara
Imaginário levado pelas asas do Condor
Que se desabrocha num eventual leitor
O Poeta, ainda mais solitário, ficara.

_ Caístes, em minhas mãos, a tempo
De aliviar  esta minha solidão
Já que não tenho sequer um cão.

Coisa de humano! Viver é exortar
O caminhar da individualidade
Desde que aporta à maternidade.

Coisas do coração humano (Ou Soneto VIII)


Não sei o que é mais perigoso
Se a arma de fogo que mata
Ou a motosserra que desmata
Somente sei que ambos são danosos.

A arma de fogo tira vidas humanas
A motosserra depreda o meio ambiente
Os dois são orgânicos e constituintes
De projetos macabros e desumanos.

_   Po, po, po! _
Hoje, bestamente, as pessoas viram pó.
Que ação sinistra!

_ Rom, rom, rom! _
 Abaixo todas árvores do planeta!
Quero que tudo exploda, seus patetas...!

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Absinto


À mesa, encontro-me
Quanta sofreguidão sinto
no meu peito! E quanta fome!
Por que essa tristeza? E,... o absinto.
Talvez nada mude em mim,
Porém, que farei da vida se me ressinto?!

Tanto entreguei-me...!
Estou aqui sentada...é hora de comer
Nem assim fico em paz. Não há o que fazer...
Apenas essa ânsia de morrer...  
Não passa. É danado...!
Estou na corda bamba...sinto todo meu corpo estremecer.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A árvore da porta de casa (Ou Soneto IV)


Esta árvore, meu bem, não tem alma
Mas, esta árvore diz tudo do que sou
É preciso falar-te como estou
Depois disso, muita calma!

_ Quanto destempero, querida,o teu!
Vir, assim, a mim e me atacar
Essa tua ira ainda vai te deteriorar
Esqueces que esse teu coração também é meu?!

_ Disse ainda _ A ira não é bom pra ninguém.
Porém, digo-te que cada cabeça, a sua sentença!
Pensas nisso, querida! Não te enraiveças!

_ Será, benzinho, que não tens piedade?!
Esta árvore faz parte da minha vida,   {fora plantada, aguada
E, se tu não sabes..., cultivada por anos e muito  {amada.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Atroz desilusão (Ou Soneto IX)


Hoje, ontem, amanhã e em qualquer era
A hibridez nos dilacera
Quando envelhecemos, a vida nos atropela
Literalmente, nossa cabeça só martela.

Um turbilhão de ideias vociferam
Em nosso cérebro, os neurônios se destrambelham
Tentando dizer coisa com coisa
Como num caldeirão de comida insossa.
 
A velhice é mesmo caótica
Uma fase de muito mau gosto
Quem a inventou estava com desgosto.

Momento de tantas agruras
Tantas rugas, dores, mágoas e...até falta de candura
Resta-nos somente a desilusão.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Minha Canção derradeira (Ou Soneto XIII)


Quando pararem todos relógios
De minha vida, e eu fechar os olhos
Desejo um sambão, tipo Diogo Nogueira
Como canção derradeira.

Não quero choro, nem tristeza
Não preciso, nessa hora, de vileza
Toda minha existência fora uma bela festa
E está aí, minha história só atesta.

Viver fora o mais lindo canto
Que enebriou-me com tanto encanto
Como com a 5a. Sinfonia Beethoveana.


Não precisarei de engodos, nem futilidades
Estarei em paz, pronta pra eternidade
Voltando ao pó, estarei feliz.

domingo, 24 de novembro de 2013

Balzaquiando a poiesis Aristotélica


Poesia veio do grego poiesis
De poiein, que signifca criar
Quanta vida no imaginar!
Afã versado pela Poeta Lourdes!

Teorizado aos modos, ipso facto
Aristóteles amarrara à mimesis 
Nos seus versos, na verdade, aptos
No contexto, in diegesis.

Desejara mais que o mote de Balzac
Versejar, o real, fez de sua lira um apelo
Esperança mínima - neste anelo.

Na cítara, todo encanto
Da sua lírica, que  sempre flui
Um canto que a todos aflui.

sábado, 23 de novembro de 2013

Parasitas sociais


Esse tipo tem aos montes no País. Aqui na Paraíba nem se fala. Tem a dar com pau. Olha, quando você vê um cara vivendo na casa dos pais até os seus quarenta anos; pode apostar, esse indivíduo aí é parasita. Ama viver às custas dos pais. É um verdadeiro estorvo. Verdadeiro cara-de-pau! Não tem a menor vergonha de sugar às pessoas. Ele se acha muito 'esperto'. Os golpes desse dissimulado vão além da nossa imaginação. Vão desde sacar dinheiro no cartão da mãe até assinar cheques do pai no pagamento de suas idas a motéis com a namorada. Durma com um barulho desse! Pois é isso mesmo! O cara é um pilantra!

A família do parasita não o suporta. Também pudera com um sanguessuga na cola, não dá pra ser feliz. É viver um inferno em plena terra. Deve ser uma das piores  situações pra quem precisa suportar uma rinha de galo como essa. E ainda,  manter a calma pra contemporizar. Sabe como é pai e mãe, alisam sempre a cabeça desses marmanjos.

Tal parasita é osso duro de roer! Está sempre pedindo dinheiro emprestado e não te paga nunca. É daqueles que quase sempre bebem e fumam às custas dos amigos.  É vagabundo por natureza. Tem sempre uma carteirinha pra tudo que é evento. Está sempre parasitando. Encosta-se sempre nas pessoas de grana, pra se dar bem. É o super bond dos 'idiotas', pois, quase sempre, há uma certa conveniência.

Certa vez, um desses malas aí, vizinho meu, veio dar uma de malandro comigo; tadinho dele! Se deu mal! Fui logo dizendo a boa pra ele. Que eu não tinha filho barbado igual ele não. Mandei logo ele catar coquinho. Outra vez, um gaiato veio querendo morar comigo. Ai, ai, ai! Tive a maior peninha dele! Por pouco não lhe dei umas boas vassouradas. Não cheguei a tanto, mas lembro que o chamei de paspalho.

Agora, é muito feio pra mulheres parasitas que se encostam nos homens apenas com intuito de sobrevivência. Muitas delas, encaram homens casados e velhos, somente pra usufruir da situação. Foi o caso de uma mulher que fora doméstica na casa dos meus pais. Ela tanto fez que meu pai, velho já nos seus mais de oitenta anos, entrou na dela.  O intuito era tirar tudo dele; especialmente, a sua dignidade. Tem muitas mulheres parasitas à procura de se dar bem na vida; topam até viver com homens caindo os pedaços.

Sei, os meus leitores ficaram bastante frustrados, pois desejavam que eu falasse, talvez dos parasitas do planalto central, peço-lhes desculpas por não tratar dessa torpe vilania, mas da fraqueza humana daqueles que estão próximos de nosso convívio. Sei, entretanto, que ficarei lhes devendo, num outro tempo, discorrer tal assunto.

Assim sendo, termino, conjeturando que tanto pra homem quanto pra mulher fazer parte dessa escória parasitária é, no mínimo, degradante. 

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Resenha: Fã das consagradas novelas radiofônicas


Livro: O Autor da novela
Autor: Tarcísio Pereira
Editora: Ideia
João Pessoa/2013


"Toda novela é um testemunho codificado; constitui uma representação do mundo, mas de um mundo ao qual o novelista acrescentou alguma coisa: seu ressentimento, sua nostalgia, sua crítica." (Mario Vargas Llosa)

A leitura da obra O Autor da novela fora como entrar  no túnel da vida e reviver o tempo radiofônico daquela época gloriosa das radionovelas, entrando em nossas casas; paralisando-nos em todas nossas tarefas diárias pra assistir àquele mundo de imagens através de sons vindo pelo rádio. Não havia quem não se fixasse naquelas histórias, cheias de suspense. Cada capítulo, era uma comoção nova, um universo pictórico de dramas misteriosos a fluir na nossa imaginação. A obra narra a vida de Francisco de Assis Sousa Pereira. um jovem rapaz talentoso em criar novelas pra serem divulgadas na rádio local, Rádio Difusora de Santantônio, (Cidadizinha do interior paraibano).

O livro 'O Autor da novela', de Tarcísio Pereira, retrata , toda carga conflitiva do momento  da chegada da televisão ao país, quando o rádio perde a sua audiência.  A trama evolue a cada capítulo da única novela existente 'A Maria de todos', inspirada na Ovídia, prostituta que o Francisco de Assis conhecera. É uma narrativa que prende o leitor, sobretudo, pelo estilo novelístico, com toda uma forma peculiar; com capítulos compactos, diálogos bem montados e chamadas episódicas, tipo pra prender a atenção do ouvinte, interessado nas próximas ações, isto é, na continuidade do enredo. A obra mexe com o imaginário daquele que fora assíduo às novelas antigas, tais como: A Escrava Izaura, O Direito de Nascer etc. Além disso, é de um lirismo e até poético, a exemplo: p. 91 Era o folheto que estava em seu bolso naquele dia, comprado  na tarde do último sábado na feira de Pombal. Abriu a primeira página e, com a impostação e o lamento dos versejadores, fez a leitura dos primeiros versos em cometer um tropeço: "Venha, ó musa, mensageira/ do Reino de Eloim./ Me tragaa pena de Apolo/ e escreva aqui/ por mim,/O Assassino da Honra/  ou A Louca do Jardim..."

Com o advento da TV, a cidade ficara em polvorosa e  Francisco de Assis Sousa Pereira perdera seus espectadores e arretara-se com o descaso de sua novela Maria de todos. Sim. Não poderia ser diferente, o povo amara ficar ali na frente, cara a cara com os atores televisivos; querer outra atitude daquela gente, era utopia. Assistir, na telona, à novela As Bruxas, na pracinha principal, fora pra eles o maior barato. Uma verdadeira festa. Eles não trocariam aquele evento por nada no mundo.

Assim,  ao fim e ao cabo, o protagonista se escafede da cidade. Como todo artista nordestino segue pra o sul maravilha, em busca de se tornar conhecido e se realizar profissionalmente, já que não vira futuro na sua cidade natal Santantônio. 

Daí, onde concluo, dizendo do quanto fora emocionante a leitura dessa obra. E mais, que não deixem de usufruir de mais esse folhetim.



 Sobre o autor:
Tarcísio Pereira é da cidade Pombal, mas reside há muitos anos na capital João Pessoa. Tem várias outras obras publicadas; como:   Agonia na tumba,  livro de grande impacto no público e na crítica literária, São Jorge na lua, Dom Quizales de Condor, Uma noite  no céu, O homem que comprou a rua, O sacrifício dos anjos e mais 14  publicações na área de dramaturgia. 

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Galega sarará


A pôs no peito
Desde que nasceu
Sua mãe a viu
Quando abriu os óio
Dos zoinho azul
Do cabelo crespo.


Desde pequeninha
Muito espevitada
Não oiásse prá ela
Que queria encrenca
Perguntava logo
Se queria endereço e foto.


Era bem lorinha
Do cabelo loulo
Atenta a tudo de bom
Mas também de ruim
Não tava nem aí
Quem lhe achasse prego.


Eita sangue quente
Sempre a resposta ali
Na bucha, e na hora
Gostasse quem gostasse
Dava no mesmo
Já nascera assim.


Seguiu desse jeitinho
Prá vida toda, não criou juízo
Quem não gostasse
Que se lascasse
Até o coitado do Papa
Que a engolisse.


Foi, foi, foi...
Levando a vida
E ela também levando
Casou-se com um destrambelhado
O caba não contou conversa
Arrancou-lhe o couro.
Então que o mingau desandou
Ela puxou a faca peixeira
Tirou-lhe um bife da orelha
O sangueiro espirrou no ventilador
E a coisa ficou feia.

A PM foi chamada
E a galega sarará
Não ligou prá nada
Dançara, no baile, a noite inteira
Rodopiou pelo salão
Deu tanto encontrão
Nos negros de Moçambique.

A moçada detonou aos gritos
_ Galega sarará, galega sarará...!

Nesse momento
É que não houvera conversa
Começara aí a zoada
E não prestou a parada
O estrupício sarará
Era mesmo danada
Era negro prá todo lado
Parecia mais uma boiada
Uns caíram de mau jeito
Outros, foram pisoteados
E a galega nem aí
A festa enfim fora decretada.


Dura na queda, a safada
Não há quem dê jeito nela
Somente a mortalha
Ousará mudá-la.