segunda-feira, 2 de junho de 2014

Resenha: Coqueteis de esperma pelos trinados do mundo angustiado



Livro: Lirerótica
Autora: Irene Dias
INTERPLAN Editorial
Capa, diagramação e ilustração:
Sandoval Fagundes
João Pessoa - 1974


    As paixões são os ventos que enfunam as velas dos barcos, elas fazem-nos naufragar, por vezes, mas sem elas, eles não poderiam singrar.
                                                                     Voltaire




Olhai os lírios do campo, eles nem tecem nem fiam, mas nem o Rei Salomão jamais vestiu como um deles. Assim, são os versos da obra Lirerótica, da Poetisa Irene Dias. Não precisaram de muitos artifícios, para dizerem, lindamente, o que disseram. Escritos com alma e com tanto ímpeto do Amor louco por si mesma e pela vida. Amor Sublime. Amor Paixão. Amor de Fêmea.

O Livro Lirerótica é a natureza feminina que canta. O mais belo Canto de Amor! Que flui do âmago de toda e qualquer mulher. Por isso mesmo, pode-se dizer que são versos universais da Alma Feminina. Mais, um Manifesto de Liberdade expresso em versos, ditado pelo coração de uma Mulher que pulsa com todo ardor. Que até suas entranhas queimam no fogo da paixão. E que, no côncavo e convexo, explode.

A cúpula entre um homem e uma mulher, literalmente, é a vida que borbulha nos órgãos genitais, transportando-os para o Éden, habitat terráqueo do Ser Humano. Explorar essa temática é ser, na real, verdadeira. É sair da mesmice puritana (e machista) e revelar a beleza desse Ato fecundo e belo, que por si só, enobrece o ser humano no que tange a sua convivência no planeta Terra: Paraíso de Amor, doado por Deus, a todo vivente.

O Amor é recorrente, e vê-se, também, à página 41: “ o Masculino/ me alenta/ e me sustenta, / o Masculino/ sussurra/ serenatas/ eu vou dizer/ à vida/ que na vida/ a maior ventura/ é ver/ um Homem/ a maior ternura/ é ser do Ser,/ quando sentidos/ debruçam/ alumbrados,/ o Masculino/ é muito mais/ que sexo,/ falo falando/ e falo/ na grandeza/ do Masculino/ penetrar/ no mundo...

O Amor está posto às mãos na entrega: (Pg. 63) “ eu irene/ segurando/ o Amor/ nas mãos/ sentidas.../ segurando/ o Amor/ como quem/ ama/ (…) segurando/ o Amor/ como quem/ ama/ segurando a dor/ como quem geme.../ eu irene.”

Dizer o que mais de Lirerótica?


Sobre a autora Irene Dias Cavalcanti:
Poetisa, romancista jornalista e advogada, ícone feminino da literatura erótica nos anos 70, marcou presença na cena literária de João Pessoa já nos anos 60, com o lançamento de Eu, mulher; seguido de Lirerótica, ambos livros de poesia. Depois, migrou do gênero poético para o ficcional.
Da poesia, gênero no qual Irene Dias Cavalcanti estreou, à prosa, que hoje consolida com seu terceiro romance, foram 40 anos às voltas com um bloqueio que ela atribui a uma crítica enviesada de seus dois primeiros livros de versos: Eu, Mulher, Mulher (1971) e Lirerótica (1974).
A crítica achou que eu era ousada e denegriu minha imagem através de minha obra, que foi considerada ‘indecente’”, relembra a poetisa potiguar que debutou na literatura assim que se mudou de Campina Grande, cidade de sua infância, para João Pessoa, seu “paraíso”.
Não rejeito o fato de ter nascido no Rio Grande do Norte, mas também não nego que se tivesse que escolher teria nascido aqui”, diz
Outros livros: O Amor do reverendo (2010), e O Médico e a noviça (2014).

Lembrete:
Dica de leitura àquele que deseja algo que o encha de Amor!
Excelente obra pros amantes da vida!


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