quinta-feira, 18 de setembro de 2014

RESENHA: O EU AOS OLHARES NEFASTOS




LIVRO: Essa Mecânica Nefasta – O Eu e os outros
AUTOR: Hildeberto B. Filho
EDITORA: Ideia
João Pessoa: 2014 – 129p.


O terror dá asas aos pés”
Virgilio


A obra, em foco, trata, com precisão, dos olhares nefastos dos críticos sobre o Eu, único livro do Poeta paraibano Augusto dos Anjos. E está dividida em três partes: 1a. A poesia e a história; 2a. Outros olhares e a 3a. Três crônicas. Porém, a parte que mais me interessara fora a que se refere aos outros olhares, ou seja, à segunda parte.

Observa-se, então, a partir de tal obra, que o livro Eu do Poeta Augusto dos Anjos fora relegado pela Literatura Brasileira, e, também, denegrida pela crítica especializada. Tal leitura, inclusive, dá panos pras mangas pra compreender por que a poética anjelina não obtivera a importância devida, nem se consolidara como devia.

O Eu fora desprestigiado, até, pelo Poeta Manuel Bandeira, quando numa carta a Gilberto Freira chama Augusto dos Anjos de “poeta para soldado de polícia”. Registro feito datado de 1975, em Tempo morte e outros tempos, no diário de adolescência de Gilberto Freire; mostrando, assim, o fechamento das mentes em relação ao nosso poeta maior Augusto dos Anjos. (cap. Augusto no olhar de Bandeira, à p.80)

E ainda vê-se, à p. 85, no cap. Augusto, Poeta Expressionista, “O “infortúnio crítico” acerca da poética de Augusto dos Anjos, a que se referiu Eduardo Portela, começa, aos poucos, a ser desfeito, na medida em que, em lugar do eu empírico do poeta, isto é, sua personalidade biográfica, toma-se, como objeto de investigação, a persona lírica, ou seja, o eu poético, fruto da fantasia criadora e materializado pela injunção dos recursos corpóreos da tessitura textual, naquilo que ela contém de riqueza ritmico-melódica e semântico-imagética.”

Ademais, o autor corporifica a sua temática à p. 105, cap.Augusto e Chico Viana – um percurso de melancolia “Se existe um poeta incompreendido pela crítica, este poeta é Augusto dos Anjos (1884-1914). Desde a publicação da primeira edição do seu único livro, Eu, em 1912, que a crítica e, mais tarde a historiografia literária vem mantendo uma espécie de arenga sem sentido em torno de sua poética singular. (…) Na sua grande maioria, confusos no mar de dissonâncias técnico-literárias e no universo heterodoxo do espectro temático característico de sua obra, os críticos tanto os impressionistas e positivistas de fins do século como os gramáticos e esteticistas da “belle époche”, não souberam atentar para a especificidade e autonomia estéticas da dicção lírica do poeta paraibano.”

Concluo, portanto, dizendo que o livro Essa Mecânica Nefasta O Eu e Os Outros, de Hildeberto Barbosa Filho é, no mínimo, esclarecedor do por que o Poeta Augusto dos Anjos ter sido tão relegado no âmbito literário nacional.

Fecho, desejando uma excelente leitura pra todos! 


Atenção: Livro à venda no Sebo Cultural; a uma bagatela de $20.00. Lá com o camarada Heriberto.

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