Livro: O Eangelho da podridão
(Culpa e melancolia em Augusto do
Anjos)
Auto: Chico Viana
FCJA/ João Pessoa: 2012
“A Consciência humana é este
morcego!
Por mais que
a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!”
(Augusto do Anjos)
Após a leitura do livro
em foco, uma pergunta não cala em mim: “- Por que o Poeta
paraibano Augusto dos Anjos somente agora, no seu aniversário de 100 anos de morte, fora reconhecido e
prestigiado? Então, surgiram as
seguintes conjeturações: 1. Será que se deve ao fato do seu estilo
esdruxulo de poetar?; 2. Ou, por sua genialidade não ser
compreendida pelos seus conterrâneos? 3. Ou ainda, talvez pela índole
desses de apenas dar o valor devido, quando a(o) poeta fora
consagrado pelos cânones do sul e centro-sul? Ao meu ver, todos
esses três itens tem tudo a dizer sobre a tal falta de sensibilidade
em relação ao Poeta Maior Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos.
É, assim como acontecera com tantos outros, dos quais cito outro
gênio paraibano Ariano Suassuno, ao qual somente fizeram jus a sua
pessoa agora recente. O que vem a ser uma peninha! Pois, quanto mais
se demora no tempo para se inferir avaliação numa obra como é a do
porte do Grande Poeta Augusto dos Anjos, perde-se de forma
irreparável sua essência.
Outra, é de se
questionar: por que isso acontece numa cidade onde há doutores se
batendo tanto nos campus universitários quanto no centro da
capital?
Outra coisa que é de se
espantar é que, pouco ou quase nada se sabe a respeito de um poeta
tão genial como fora Augusto dos Anjos! Um Poeta desse naipe era pra
ser estudado nas escolas e universidades com todo carinho e
consideração. Os estudantes eram pra declamá-lo pelas praças
públicas e ter maior orgulho de seu Poeta. No entanto, o que na
verdade acontece? Nem os professores o conhecem quanto mais os
alunos! Santa ignorância! Daí, pergunto-lhes, estimada(o) leitora (or): “-De
quem é a culpa? É dos intelectuais paraibanos ou do ensino que não
valorizam a prata da casa? Deixo a resposta por sua conta.
Voltando ao foco da
questão, a obra O Evangelho da podridão, do Chico Viana, tese
reformulada de seu Doutorado na UFRJ, ainda de 1988 ; obra de peso no
esclarecimento da Poética augustiana, da qual não tenho cacife
para falar, e mesmo se tivesse não faria; deixaria pra os experts da
seara literária fazer. Entretanto, deixo as minhas pissicas: “-Essa
é uma obra ímpar, mas que não ajuda na compreensão do então
poeta; e sim, no máximo, instiga o gosto por ele nos debates das
universidades; promove apenas o estudo no meio acadêmico.
Portanto, concluo esse breve comentário, deixando minhas comiserações; e mais, digo que é preciso muito mais. Faz-se mister um livro que
resgate o Poeta de modo humano e social.
Daí, fica a seguinte
passagem, à p. 193, da Conclusão:
'A hipótese de um luto
não realizado do objeto perdido – que, segundo a psicanálise,
serve de fundamento à melancolia – alarga as possibilidades de
interpretação da poesia de Augusto dos Anjos (…) Pela doença,
reproduzem-se no corpo traços de perversão original, do homem ligado
à “peçonha inicial”.'
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