quarta-feira, 22 de agosto de 2012

EU NEGO




Negar já faz parte de nossa índole; e da nossa história, e não posso deixar passar o que me aconteceu ontem (21/08). É o seguinte: Fui assistir ao espetáculo A Matéria do sonho, dirigido por Jorge Bweres, composição teatral (projeto misto pelo Grupo Iamaká – Instrumental da UFPB e o grupo teatral Lavoura), que aconteceu no Espaço Cultural Cabo Branco; do projeto Terça Tem.
Até aí nada de especial. Um programa comum, para uma pessoa super comum. Mais uma filha de Deus!
Explico-lhes todo drama: Estava previsto pra começar às 20hs, eu já cheguei atrasada. E somente abriram a portaria lá pra umas 20:30hs.; adentrei e fiquei ali mais do que ansiosa pra ver aquele show de peça. Sim, porque era o que tudo indicava.
Pois muito bem, inicia-se. De pronto, o instrumental Iamaká muito à vontade; ficamos ao sabor dos cancioneiros renascentistas dos séculos XVI E XVII, creio que por cerca de meia hora. Daí, começa a performance sobre o universo de Dom Quixote, do escritor Miguel de Cervantes. Tudo como manda o figurino; inclusive, com três solistas vocais, na beca (indumentária a caráter) e mais, cantando em castellano.  Até aí, nada de tão especial! Entra o ator André Morais com perfeita intepretação; encarna o Cavaleiro andante divinamente. Tudo nos conformes!
Seria ótimo, se não fosse as precariedades do palco: pequeno demais para o proposto. O ator se reinventa num espacinho de nada ali mesmo entre as poltronas e o palco, restrito e acanhado. Mas, alcança o intento com maestria.
Entretanto, saio chocada daquele que poderia ter sido um momento de grande enlevo. Pois é. Conto-lhes tudo, tudinho; o porquê de minha frustração. O evento, como de costume aqui em nossa cidade, começa atrasado, sem nenhum respeito aos espectadores.  Depois, com a cena dramatúrgica iniciada, os retardatários continuam entrando; por todo ínterim do espetáculo, pessoas entrando e saindo; parecendo mais uma casa de mãe-Joana. Mas, o pior estava por vir, adentra ao recinto, e fica por uns 10 minutos ao mesmo nível de cena, um dos seguranças daquele espaço cultural, aviltando o espaço cênico, e quebrando toda e qualquer catarse de liberdade e amor propalados pelo texto quixotesco.
Por todos esses fatos insensíveis, eu Nego. Nego a toda essa insensibilidade! Nego a pobreza espiritual das pessoas que lidam com arte seja ela qual for!  Nego àqueles que fazem teatro sem levar o teatro a sério, simplesmente pelo seu superego! Nego ao teatro medíocre que é feito, ainda, em nossa cidade ou em outro qualquer lugar!
Concluindo, quero mais do Teatro pessoense!

Um comentário:

  1. Você tem razão em colocar a boca no trombone e gritar querendo melhorias, já que me parece ser uma das apaixonadas pela arte que lidamos. Imagine que num espaço pequeno acontece isto, e também imagine num espaço bem maior onde o ator interpreta seu personagem, apenas por amor ao que este faz, e nem sequer tem algum reconhecimento de seus espectadores. Isto acontece no segundo maior espetáculo ao ar livre quando nem recebemos algum cachê, enquanto nos dedicamos trabalhar, sob alguns gracejos de quem assiste A Paixão de Cristo, Na Fortaleza de Santa Catarina, em Cabedelo. Um trabalho muito sério, um contexto bastante valioso, uma interpretação singular de cada ator. Mesmo assim, desde já lhe convido. É um absurdo, o desrespeito que muitos têm, com os técnicos e atores que se dedicam a mostrar uma cultura bem diferente que é pregada na nossa capital.

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