segunda-feira, 8 de julho de 2013

Resenha: Um Anagrama de Hamlet


Livro: Santíssimas TREVAS
Autor: Arturo Gouveia
Editora: Ideia
João Pessoa – 2008
É mais fácil lidar com uma má consciência do que com uma má reputação.
(Nietzsche)
Ler o livro Santíssimas Trevas do ilustre autor Arturo Gouveia fora uma viagem surreal. Ou, talvez possa dizer, a mais forte viagem na alma do próprio Salvador Dalí, fixação do escritor, nos delírios no momento de suas criações. Onde o mesmo se supera ao considerar Lúcifer o seu legítimo plagiador. E compôr personagens verdadeiros monstros do mal.  Ex. disso é o Mr. Methal do texto A Magia dos excessos, inspirado num mendigo louco que vivia na Praça da Sé em São Paulo, o qual gritava a quatro cantos que era ex-agente da CIA e que ninguém o acreditava; registrado no prefácio à terceira edição da obra.
A obra é composta de três partes: 1a. Os nove décimos; 2a.Tânatos também te contemplam e a 3a. Esboços Transborgianos. A sua originalidade está em todas as faces do livro em foco. Logo de cara, tamanha é a criatividade, traz as orelhas assinada por nada mais, nada menos que Deus, nas quais apresenta o escritor como de suma importância pra Literatura contemporânea. Depois, o prefácio quem assina é o próprio anjo decaído, Lúcifer. Sem contar com as notas do autor, denominadas PRÓ-ÉTICA, onde no texto Pretérito Imperfeito ver-se a carga temática: Ao Terceiro Milênio – Eu queria um dia, como Truman,/ Compor um vendaval todo subjetivo:/ Uma árvore fervilhante, uma bolha sindrômica, irradiando misérias totais./ Mas faltavam crianças para vitimar:/ Já eram inexatas, mudas, atomizadas, com relíquias de pólvora no estômago e alguns cartuchos boiando. Hilária construção narrativa! Com um discurso recheado de intertextualidade, seja referentes a textos do próprio escritor, como também de obras clássicas como as do grande dramaturgo William Shakespeare; e ampla referência de vasto conhecimento de personagens protagonistas universais. Ademais, insere em seus contos a forma mais sublime de cantar desde os primórdios, a poesia; onde denoda das fronteiras literárias entre prosa e poesia.
Epícuro (341 a.c) fora um dos primeiros filósofos a regeitar a existência de Deus. Assim como Nietzsche (e tantos outros filósofos), o escritor Arturo Gouveia também o rejeita, e isso é fato. Pois, é uma constante por toda a sua narrativa. Ver-se, do início ao fim, alusão ao famigerado anticristo. Inclusive, parodiando exdruxulamente trechos bíblicos, como é o caso da Santa Ceia (pg. 120).
Por fim, quero deixar aqui registrado uma passagem de outrora lá da UFPB, quando eu ainda era universtária; lá pelos idos de 80, Arturo Gouveia chegara do Mestrado em São Paulo e fora aquele auê. Daí, fora disponibilizado uma sala pra uma apresentação do mesmo. (Aquilo ficara guardado em minha memória até hoje). Arturo e sua total irreverência: sobreancelhas raspadas até a metade e sandálias havanas. Fora um choque para os ‘doutores’ da época. O irreverente Arturo Gouveia declamara O Monólogo de uma sombra, de Augusto dos Anjos. Nada menos que 28 estrofes. Isso fizera toda a diferença, pois ficamos todos boquiabertos com tal façanha. Ele provara ali que as aparências muitas vezes enganam. O Poeta, assim, calara os faladores!
E ainda, estava com meu filho Emanuel quando me dirigi ao Sebo Cultural pra comprar o livro Santíssima Trevas. Na hora que lhe mostrei, ele foi logo dizendo que eu iria gostar. E acertou na mosca! Óbvio, que tenho cá comigo as minhas restrições, porém nada de mais. No título, seria mais contundente, poria  Luciféricas Trevas; nas orelhas, valorizaria o poderio da trevas, o próprio Diabo assinaria; e fecharia com chave de ouro: no prefácio, abriria espaço, especialmente, para o poder diabólico, àquele que é o bambam das diabruras, O Grande Mr. Methal.  Dizem que gosto não se discute. Eu sinceramente gostei da obra.
Então, fica carimbado preto no branco os meus Parabéns pra Literatura paraibana! Que esse gênio da Literatura Universal se perpetue seja como for Volterre, Voltaire ou lá o que for!

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