terça-feira, 20 de dezembro de 2011

EUCLIDES DA CUNHA



Morreu de morte matada
A 15 de agosto de 1909
Um século de sua ida
Pra cidade de pés juntos
Como, então, pode tal fato
Passar em brancas nuvens?

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Homem das letras
Da prosa e da poesia
Será pra sempre lembrado
Em nosso coração palpita
Uma de sua mais linda epopeia
‘Os Sertões’, uma obra completa.

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Descrição fiel do sertanejo
A Terra, O Homem
Além disso, A Luta
Como não valorizar alguém dessa monta?
Nossa literatura é o que é
Porque nosso escritor é dessa conta.

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Euclides da Cunha
Homem sensível e de caráter
Revelou nossa terra como nenhum outro
Em Canudos, o beato Antônio Conselheiro
Fez miséria lá pra o lado da Bahia
Foi um cão chupando manga.

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“Em 1897 – a Guerra de Canudos 
precisa ser lembrada”, disse
Maria de Belém (mestra)
Historiadora
Conhecedora dos fatos
Que só se contam na escola.

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Muita gente se lembra
Do beato Conselheiro
Homem de sangue nas ventas
Arregimentou o sertão
Pra uma briga de facão
Contra os coronéis latifundiários.

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Lá no sertão,  um sofrimento só
No Arraial de Canudos
Notícia pra o Brasil inteiro
A polícia aos pulos
Diante da saga daqueles guerreiros.
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Muita matança...
Que raça de covardes!
Toda aquela gente dizimada
Não contaram conversa
Transformaram o povoado em lenda
E o lugar virou cinzas.

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Virgem Santíssima, mãe de Jesus Cristo!
Uns milicos demoníacos!
O sangueiro escorrera nos lajedos
As mocinhas se escondiam
Era demasiada a extravagância
Grande coisa aqueles anticristos!

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Quando me contaram o ocorrido
Fiquei zonzo só de imaginar
Tremi nas bases
Senti um medo da bexiga taboca
Borrei nas calças
Resolvi botar a boca no trombone.

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O inferno está cheio daqueles incréus
O fogo queimando os seus traseiros
Que nem Zebedeu
Pois a justiça dos céus
Tarda, mas não falha
Bota pra arder os ateus.

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Eu não sinto um pingo de pena
Posso mesmo é comemorar
Já que quem faz aqui na terra
Tem mais que pagar
Se eles entraram na chuva
Tinham que se molhar.

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Ó, Euclides!
Cumpriste a tua missão
Relatando as atrocidades
E opressão
Contra aquela gente humilde
Que não arregou nenhum tiquinho.

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Lá pra banda do Amazonas
Euclides resolveu se enfiar
Riquezas pra todo lado
E piratas a se refestelar
O escritor queria tudo anotar
A beleza da natureza fizera o homem delirar.

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O látex estava na vez da bola
Os seringais fascinaram os barões
Eram um chama pros gringos
Inglês, americano, e japonês
Os nordestinos faziam a borracha
E as prostitutas francesas, a cama dos patrões.

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Aquilo não passara de sonho
Para os senhores feudais brasileiros
Não levou muito tempo
A derrocada da opulência
Tudo fora roubado
E levado para as terras europeias.

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A Floresta Amazônica está na mira agora
Quem tiver ouvido, ouça
A Amazônia é nossa!
Ninguém tasca aquele presente de Deus
Mas, pra isso
Precisamos nos obstinar, ora!

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Com o escritor Euclides
Quero me congratular
Refletir a nossa realidade
Convocar o meu país
A ficar de olhos bem abertos
E cuidar do nosso ‘Eldorado’.

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Sejamos destemidos
Encaremos nossa batalha de frente
Bater pino nessa hora
É pura ‘lezeira-baré’
O caldeirão tá fervendo
Encaremos a crise, pois não somos dementes.

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A luta é de foice
Será que estamos preparados?
Não podemos titubear
Nesse impasse global
O dia D tá chegando
Não pensem que é só carnaval.

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Euclides, ó Euclides!
Onde estás que não respondes?
Esses cem anos se comemora tua partida
Os nossos correligionários precisam mais
Abrir os olhos
Se tocarem com os desmandos.

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Os paraibanos tem uma missão
Darem a sua contribuição
A flecha foi lançada
Aquinhoemos nossas obrigações
Façamos nossa parte
Pois seremos por todos ovacionados.

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Armemo-nos até os dentes
A peleja vai ser de amargar
O bicho vai pegar
Ao Chaves, temos que nos atrelar
Somente ele pra nos ajudar
Ele tem cacife e é nisso paxá.

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Conterrâneos, não neguemos fogo!
Não batam pino
Fiquemos atentos
Peguemos as metralhadoras
Enquanto o caldeirão esquenta
A batata logo está ao dente.

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É matar ou matar
Se você está com medo
Não precisa me seguir
Chupe gelo
Esconda-se
Deixe tudo comigo.

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Homem não chora
Quem já viu homem chorar?
Mulher também não
E eu vou provar
Tá aqui minha peixeira
Digo-te com firmeza: vamos precisar
O negócio vai arrochar.

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Olha aí o meu recado
Que ele sirva de aviso
Que meu discurso repercuta
Seja o alerta que todos precisam
E os brasileiros se conscientizem
Pois o problema é de morte.


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Aquele que sobreviver
Será, enfim, jubilado
Viverá feliz e na paz
E nosso país agraciado
Livre dos espertalhões
‘Donos do mundo’.
 





        

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