quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Ópera do favelado




Cidade paralela, abandonada, marginalizada, onde convive todo tipo de pessoas; há casos surreais: Do que consome crack, o traficante, o ladrão, o assaltante, o homicida, até o estuprador. Claro, nas favelas, também tem pessoas de bem. Porém, pessoas largadas à própria sorte. Pessoas sem sonhos. Jovens, na sua grande maioria, despreparados pra vida. Desqualificados. Sem amor, sem família, sem escola, sem futuro. Fadados a morrer sem completarem suas maioridades. Vítimas do descaso dos donos do poder. Paupérrimos. Moradores de beiradas de matas, rios, mangues, brs.; assim como as favelas Renascer I, II, III e sei lá mais quantas! Lugares restritos às pessoas ditas abaixo da linha de pobreza. Possuidores de barracos feitos de plástico, papelão, lata; tudo muito precário; tirado às vezes dos resíduos domésticos do vizinho, gente da bufunfa, que reside ali bem do lado, talvez um grande empresário. Impossível sobrevivência se não se tem a mínima condição de vida! Quando não se tem casa, comida, escola, saúde, ou seja, uma infraestrutura digna de cidadão.
Essa cidade está aí bem embaixo dos nossos narizes. Somente a percebemos quando somos acuados por esses ‘fantasmas’. Que nem sempre conseguem emergir das cinzas, e levarem uma ‘vida normal’ como desejam; desvirtuando-se pra o mundo da criminalidade, da bandidagem, da contravenção. Os presídios estão abarrotados desses pobres homens e custam pra cada um de nós, brasileiros, mais do que se tivessem numa escola, se preparando pra um trabalho decente, uma profissão que os tirassem dessa roubada. É degradante saber que há 50 milhões de pessoas nesse padrão existencial e não se poder fazer absolutamente nada por eles. Sabemos que desses, muitos são nossos serviçais como domésticas (os), cozinheiras (os), pedreiros, etc.
Mundo cruel e desumano! Creio que se fôssemos mesmos civilizados como dizemos, a retórica sobre a desigualdade social seria outra: “Faça o que digo, mas não faça o que faço!”
Hoje a matança foi decretada pra essa população já tão sofrida. A gente só vê a choradeira e o ranger de dente. As mães são as maiores vítimas do genocídio que se alastra por todo país, de garotos entre 14 e 21 anos. Matam mais jovens no Brasil, do que matou-se na guerra do Iraque. Não é brincadeira não! E pensar que nossa polícia (20%) tem feito esse (de)serviço. Essa semana prenderam 36 policiais no nosso estado. Inclusive, estou pasma, prenderam um delegado aqui no prédio vizinho ao nosso; o filho do homem é amigo do meu filho. Pense numa loucura! Não, é melhor esquecer porque senão se pira. Mundo cão! “Parem o mundo, que eu quero descer”, como nos dizia o mano maluco beleza.

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