quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Resenha: À Luz que resplandece


Livro: À Sombra do Soneto e Outros Poemas
Autor: Hildeberto Barbosa Filho
Editora: Idéia/João Pessoa/PB:2011
 
                                
                                         Tenho em mim todos os sonhos do mundo
                                                                                                          Fernando Pessoa
                                                 
                                              
Quão belos são os olhos de uma criança! Que belas paisagens às retinas de um menino! Vê beleza em tudo que mira. Vê beleza em todo canto. E em cada canto, um doce encantamento. O Poeta Hildeberto Babosa Filho, em sua belíssima obra À Sombra do Soneto e Outro Poemas, se desmancha nessa ótica:  A visão simples (e peculiar) de um garoto que a tudo olha com olhos de amor e beleza. Na página 23 toda a meninez: “Guardar no roto bornal da lembrança/a meninice embalada na rede;/esvaziar as moringas do sonho/ e do sonho não matar essa sede.”

Tudo passa por sua percepção: as árvores, o vento, os pássaros, isto é, tudo é captado e, por catarse, explorado na lira que canta; como na p. 25 “Na minha vida existe um Cata-vento/solitário nas léguas da fazenda./Cata-vento que ao sonho dava alento,/quando o sonho se fazia minha tenda." Os sonhos, as fantasias, a imaginação de garoto a embalarem as suas recordações. Vão fundo nos seus Sonetos petrarquianos; como na p. 27 “Não existe fotografia mais bela/ que o verde Umbuzeiro na Caatinga,/estrumada pelo vinho da neblina,/a compor a mais vívida aquarela.

O Poeta é eloquente no versejar. É Forma. É Ritmo. É Metáfora. É Exegese. É Epifania. Exemplo disso, o Soneto Lusitano (p.29) “Ao chover minh’alma é sempre assim:/a melancolia renasce  com as águas/e com as águas parecem não ter fim/como a chuva chovendo suas mágoas.” Ou seja. É tradicional. É Clássico. É Camoniano. Sua verve é calcada nos grandes nomes portugueses. E mais, na poesia do Poeta italiano Petrarca, que se divinizou por sua grande representatividade nos séculos XVI e XVII. À influência de Aristóteles, o legado multissecular de “imitação”, Hildeberto não foge à regra, bebe nas mais variadas fontes. Em Pessoa, Sá Carneiro e Pessanha.  

Hildeberto nasceu em Aroeiras, interior paraibano; a 09 de out. de 1954. Não nega as suas raízes. É um cararizeiro dos bons. Sem contar também que, é jornalista, ensaísta, crítico, professor do Curso de Jornalismo, Relações Públicas e Turismo(UFPB); sócio da API- Associação de Imprensa; ocupa uma das cadeiras da APL- Academia Paraibana de Letras; e é membro da APF- Academia Paraibana de Filosofia e do IHGCPB- Inst. Hist. E Geog. Do Cariri Paraibano.  Além disso tudo, é dedicado à produção literária da Paraíba, com inúmeros livro publicados.    

Enfim, creio que não disse nem a milézima parte do que tal poeta exige, que me perdoem pelo meu  despreparo.

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