quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Resenha: William Medeiros não deve nada ao Poeta Shakespeare







Livro: Traços de trinta
Autor: William Medeiros
Cartum - Ilustração -
João Pessoa - 2013


  “Eu aprendi que são os pequenos acontecimentos  diários que tornam a vida espetacular.” William Shakespeare
Caíra em minhas mãos, um dos livros mais lindos que meus olhos já viram desde que eu me entendo por gente. O livro chama-se Traços de Trinta, do cartunista Wiliam Medeiros.
Obra que marca qualquer pessoa de bom gosto. É uma síntese de trinta anos de humor gráfico, com participações e premiações nos principais salões de humor em todo país. Estilo que não fica a desejar em nada dos melhores cartuns dos grandes mestres, tipo Jaguar, Millôr, Ziraldo e tantos outros dessa monta.
Desenhos que encantam não só por seus temas do cotidiano, mas também pela linguagem crítica que o artista esbanja em cada quadro que pinta. Exemplos:
Logo de início, na pg. 06, o seu primeiro cartum, intitulado O goleiro, 2º lugar no Concurso Pasquim/Malt-90, de 1986.
Nas pgs. 08/09, William explora com maior singeleza, a temática circense. Na pg. 08, um casamento belíssimo de gente do circo. O casal em pernas-de-pau, lá no alto, e cá embaixo, o padre se esforçando no alto-falante pra ser ouvido. Lindo demais! Na pg. 09, Vladmir perna-de-pau dando os últimos retoques pra sua apresentação; ainda no chão, esmera-se no laço do sapato de suas pernas-de-pau. Sublime! Reflete todo carinho para com suas ferramentas de trabalho.
Já na pg. 11, humor negro, estilo picante, o quadro Grande Mágico Odim, solitário e triste num seu cômodo de dormir, sacando da cartola uma mulher-coelha. Depois, segue na mesma linha; na pg. 18, uma mulher telefonando, mas ao invés da cabeça, ela apresenta uma metralhadora atirando a mil por hora, e com uma cartucheira de mais de metro.
Por aí vai, a sua criatividade é muito sugestiva e picante, explorando os mais
corriqueiros fatos do cotidiano.  Com pitadas de escárnio, é o caso do desenho na pg. 42, onde aparece uma árvore, em forma humana, e está ajoelhada, sangrando muito, com uma motosserra cravada no peito.
Enfim, é uma obra espetacular. Vale a pena folear essas oitenta e cinco páginas de humor e beleza. Resumo de toda uma vida dedicada com carinho àquilo que sabe fazer, Humor Gráfico de primeiríssima qualidade. Trabalho que encanta e merece todo os nossos aplausos. Deverasmente, encantou-me e indico-a com maior prazer a todos vocês.
Bravo, William Medeiros!    


2 comentários:

  1. Apesar de eu me contentar em ser apenas um xará do gênio, eu adorei seu texto, Lourdes! Muito obrigado pelas palavras. Vindas de um pessoa culta como a senhora, soam como uma bênção para mim. Muito obrigado.

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  2. William, o seu livro merece muito mais que belas palavras. Faça um projeto e leve na Sec. da Cultura, leve pros alunos de Jampa. No mínimo, que se compre um punhado deles pra deixar nas devidas escolas pra os professores de artes repassá-los. Abraço.

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