quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Índio quer apito




Todo dia é dia de índio em Jampa!As nossas sestas são feitas, na manha, numa rede; o feijãozinho só vale, se misturado com uma deliciosa farinha; gostamos da orla, damos sempre nossas  passeadinhas; não esquecemos, na rotina diária, do pescado, da orelha furada, de pintarmos as unhas e os cabelos. Eu quero mesmo esses índios chupando manga; prá índio falta só o abacaxi!Ah, índio não gosta de ananás? Então não farta nada, nadinha!Porém, todo dia é dia de índio em Jampa! Faço um bobó de camarão com muitos ingredientes gostosos e dou cor com açafrão; não deixo de cozer uma macaxeira molinha e fazer um bom pirão. Tenho que ter muita inspiração na hora de comer e dividir a tapioca com os indinhos. Irmãos de fé, de moleza e de tesão. De ser e de não-ser. Há muitas coisas que fazem nossa comunhão. Acompanhem meu raciocínio: Essa raça muito esquecida faz parte de nossa colonização. Ela não quer apito, quer mais é qualidade de vida. Conforto, alimentação, educação e também consideração prá seus filhos. Saibamos compartilhar com essa gente renegada. Não sejamos ingratos com quem mais nos presenteou com seus dons e bens. Ganhamos desde as raízes, o desprendimento, as lendas, o folclore, a gastronomia, ou melhor, muitas coisas foram deles absolvidas na nossa vida. Não podemos ser um povo sem memória; precisamos dar valor prá sentirmos dignidade e justiça da nossa história. Essa gente desde sempre foi marginalizada. Preenchamos logo esse parêntese! Chegou a hora! Façamos a esses irmãozinhos o que eles nos fizeram, deram-nos a vida sem nada pedir em troca. Sua generosidade foi tamanha que os séculos se passaram, e nada nosso exigiram. Chegou nossa hora! Minha gente, façamos nossa parte! Pois todo dia é dia de índio em Jampa!Os índios precisam urgentemente ser reconquistados por nós!

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