BERRO NOVO, DE JESSIER QUIRINO
EDIÇÕES BAGAÇO
2009
A obra Berro Novo, de Jessier Quirino, é o que há de
mais bonito na literatura paraibana. É, literalmente, um “deboche”, bem
humorado, às coisas, pessoas, e à vida nordestina.
O autor usa e abusa da paródia nos seus textos. E, por
isso mesmo, o leitor, ao lê-lo sente toda a conotação burlesca. Não se tem como
não achar graça com a leitura de Berro Novo! O Berro da graça, do riso, da
alegria. O “Berro Novo” é terapêutico. Existe coisa melhor em nossos dias? Dias
estressados com toda a famigerada vida moderna. Onde as pessoas se brutalizam
dia a dia? Onde as pessoas se matam a três por quatro, como se a vida humana
valesse menos do que casca de banana? Onde a violência cresce ao ritmo da
velocidade da luz?
“E não podemos admitir que se impeça o livre desenvolvimento
de um delírio, tão legítimo e lógico como qualquer outra série de idéias e atos
humanos.” Antonin Artaud
“Poesia dita, escrita e musicada” afeita àqueles que
estão no limite das suas desgraçadas vidas.
Em:
A Taba
de Sarvação
Meu cumpade, o que eu escuto
Derna de pequenininho
É que o Brasil brasileiro
Pra sair do atoleiro
Tá faltando tanto assim.
(p.44)
...
Fim das esculhambação!
Credo-cruz, Ave-Maria!
Isso quase todo dia
Enche o saco, meu patrão
Já que a gente não tem vez
Empurre no de vocês
A Taba de Sarvação.
(p.47)
Nesse “Berro” tem de um tudo. Num farta nada, nadica
de nadica. Tem inté uma prova parciá do autor Gesso Quirino, datada de 1962,
onde mostra que o mesmo era bom nos estudos, no Instituto Domingos Sávio em
Campina Grande, a sua terra Natá. Mas, o que dá até vontade de Berrar são seus
versos dedicados à sua mestra Maria da
Glória e a sua diretora Maria Terezinha.
Merenda
Corriqueira
Ah, se minha aula retornasse
Pro giz da minha infância
Pro meu caderno encapado
E o meu nome escancarado:
EU, Primeiro ano A.
Ah, Primeiro ano A!
A professora: “Bom-dia!!!”
A bolsa, a banca, a folia
A turma do dia-a-dia
A lei da Diretora
A sineta, a correria
A hora de merendar...
(p.31)
A narrativa faz a gente viajar no tempo e no espaço.
Lembrei-me do tempo que estudava no Grupo Santa Júlia. Ah, tempo bom! Minhas
professoras, mas especialmente dna. Maria Luíza. Pois não é que na hora do
recreio, ela fazia os alunos ficarem lanchando na sala pra me ouvir cantar!
De uma linguagem tão regionalista, que não tem como
não identificar de imediato, de qual rincão se está falando e representando. Um
dialeto peculiar do matuto nordestino; de ritmo e beleza ímpar. Que encanta
a quem escuta e/ou lê.
Vê-se então:
Ô cumpade véi
O Riacho do
Navio não corre pro Pajeú?
O Rio Pajeú
não despega no S. Francisco?
E o Rio São
Francisco
Não bate no
mei do mar?
(p.25)
De cabo a rabo, a obra é encantamento. Desde da capa,
com o Pau do Fuxico, o título Berro Novo até o próprio “Berro” que chega aos
nossos tímpanos.
Nós, leitores, estamos deveras de P A R A B É N S com esse lindo presente de Deus! Que Jessier Quirino tenha muita força na guela pra berrar quanto queira!
Nós, leitores, estamos deveras de P A R A B É N S com esse lindo presente de Deus! Que Jessier Quirino tenha muita força na guela pra berrar quanto queira!
maravilha! também adoro a obra de jessiê quirino! sou fã incondicional dele, e de seus escritos!é muito bom saber que existe um artista do seu quilates circulando por aqui, e que ele escolheu nossa querida cidade para reisdir, quando na verdade tinha o mundo interio para escolher. e que a qualquer momento podemos cruzar com o mesmo por aí.também escrevo umas coisinhas, tenho um blog, mas nada que se compare a obra de jessiê quirino! quem me dera um dia ter ao menos, um terço de seu talento, já me daria por demais satisfeito!mas, independente de qualquer coisa, sou um excelente leitor e, amo escrever!
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